Quando foram comemorados os 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil, o IBGE apresentou dados
oficiais sobre a imigração no país, segundo a nacionalidade, de 1884 a 1939:
Nacionalidade Total %
Alemães 170.645 4,1
Espanhóis 581.718 13,99
Italianos 1.412.263 33,96
Japoneses 185.799 4,47
Portugueses 1.204.394 28,96
Sírios e turcos 98.962 2,38
Outros 504.936 12,14
Total 4.158.717 100
Sobre os dados apresentados pela tabela, referindo-se à
história da imigração no Brasil, pode-se afirmar que:
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: Imigração para o Brasil (1884–1939): perfis, motivos e usos políticos dessa vinda de estrangeiros. É preciso relacionar dados numéricos com contextos sociais — políticas de atração de imigrantes, ideologia do branqueamento e ocupação do trabalho pós‑abolição.
Resumo teórico: Após a abolição (1888) as elites cafeeiras buscaram substituir a mão de obra escrava por trabalhadores assalariados europeus. Havia políticas e incentivos (subvenções, transporte, publicidade) e uma ideologia racial que valorizava a imigração europeia como forma de "branquear" e modernizar o país. Portugueses e italianos foram os maiores contingentes; sírios‑libaneses/ottomanos concentraram‑se no comércio; japoneses, a partir de 1908, atuaram muito na agricultura paulista (colonato).
Justificativa da alternativa B (correta): A alternativa afirma que muitos portugueses eram pobres e foram preferidos em detrimento dos trabalhadores nacionais negros e mulatos por um projeto de branqueamento. Isso sintetiza corretamente duas realidades: (1) grande parte dos imigrantes portugueses vinha em situação socioeconômica precária; (2) havia uma intenção clara da elite em atrair europeus para “melhorar” a composição étnica e social, privilegiando europeus frente à população afrodescendente. Essas ideias são bem documentadas na historiografia e nos registros de políticas públicas da época (ver IBGE e estudos sobre imigração).
Análise das alternativas incorretas:
A — Incorreta. A explicação reducionista sobre a unificação italiana e "marginalização do Norte" distorce a geografia da emigração. Muitos emigraram do Norte (Veneto, Lombardia) por crises agrárias e pressões demográficas, não apenas por suposta exclusão industrial.
C — Incorreta. Os japoneses trabalharam majoritariamente no campo, especialmente nas plantações de café em São Paulo, não como mão de obra terciária urbana. A alternativa inverte o perfil ocupacional.
D — Incorreta. Sírios e turcos (mandato otomano/levantinos) atuaram sobretudo no comércio urbano e varejo, não na lavoura cafeeira; e o café não “deriva” desses países (origem: África/Oriente Médio), portanto a justificativa é falsa.
Dica de prova: Busque palavras‑chave no enunciado (ex.: "preferidos", "branquear", "atuaram") e confronte com conhecimentos básicos: perfis regionais de imigração, setores de ocupação (agricultura x comércio) e ideologias dominantes. Desconfie de causalidades simplistas ou de afirmações sobre origem de culturas agrícolas.
Fontes úteis: IBGE (estatísticas históricas de imigração); Boris Fausto, História do Brasil; estudos de Jeffrey Lesser sobre imigração e identidade.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!





