“Naquelas eras faziam os poderosos a justiça a seu
modo. Ora pelo bacamarte, ora a cacete, ou por outros processos originais, a mangas
de gibão, por exemplo. Eram as mangas de gibão uns vasos de couro de bode bem
curtido, de meio metro de comprimento e de cerca de dez centímetros de
diâmetro, cosidos com uma delgada correia ou por meio fio de algodão bem
encerados com cera de abelha. A uma das extremidades adaptavam um cano de taquara”
(PINHEIRO, Irineu. O Cariri. Fortaleza: Edições UFC, 2010, p. 188).
Sobre as práticas
políticas no cairiri, nos primeiros anos da República (1889¬1930), assinale a única
alternativa CORRETA:
Gabarito comentado
Resposta correta: D
Tema central: práticas políticas locais no Cariri (1889–1930) — estrutura do coronelismo, uso da força e formação de “comunas” como bases de poder político e militar.
Resumo teórico: Na Primeira República o poder local era dominado por proprietários rurais que controlavam clientelas, votos e forças armadas privadas. Esses núcleos — frequentemente chamados de comunas ou “feudos” políticos — articulavam poder econômico (terra), social (clientelismo) e militar (capangas, jagunços). Conceitos úteis: coronelismo, voto de cabresto e política dos governadores (B. Fausto; S. Buarque de Holanda).
Por que a alternativa D é correta: Afirma que havia constituição de comunas caririenses — “feudos” políticos com poder político e militar baseado na propriedade da terra — o que condiz com a historiografia da região. O texto de apoio (descrição de armas caseiras) ilustra a violência privada e a capacidade coercitiva dos fazendeiros, característica das comunas.
Análise das alternativas incorretas:
A — Falsa. A região não era palco de união pacífica entre proprietários; ao contrário, rivalidades locais e disputas por poder eram frequentes.
B — Falsa. O Estado estadual muitas vezes se aliava aos poderosos locais ou intervinha em favor de um dos grupos; raramente atuava como árbitro neutro.
C — Falsa. Os coronéis não costumavam buscar força externa distante para evitar “desperdício” de mão de obra; mantinham milícias clientelares locais (jagunços) exatamente porque dependiam da coercividade local.
E — Falsa. A eleição de Campos Sales não eliminou essas práticas; a chamada “política dos governadores” (consensos entre elites federal e estaduais) tende a reforçar acordos oligárquicos, não sua extinção.
Sugestão de leitura: Boris Fausto, História do Brasil (cap. República Velha); Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil (para patrimonialismo).
Estratégia de prova: identifique palavras-chave do enunciado (comunas, feudos, propriedade da terra, poder militar) e relacione com conceitos clássicos do coronelismo; descarte alternativas que contradigam a dinâmica de violência e clientelismo local.
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