Questão 62867029-ff
Prova:URCA 2017
Disciplina:História
Assunto:República Oligárquica - 1889 a 1930, História do Brasil

“Naquelas eras faziam os poderosos a justiça a seu modo. Ora pelo bacamarte, ora a cacete, ou por outros processos originais, a mangas de gibão, por exemplo. Eram as mangas de gibão uns vasos de couro de bode bem curtido, de meio metro de comprimento e de cerca de dez centímetros de diâmetro, cosidos com uma delgada correia ou por meio fio de algodão bem encerados com cera de abelha. A uma das extremidades adaptavam um cano de taquara” (PINHEIRO, Irineu. O Cariri. Fortaleza: Edições UFC, 2010, p. 188).

Sobre as práticas políticas no cairiri, nos primeiros anos da República (1889¬1930), assinale a única alternativa CORRETA: 

A
A abundância e fertilidade da terra evitou os conflitos entre os proprietários fundiários da região, sendo comum se unirem contra os agressores que vinham de outras regiões; 
B
Em épocas de conflitos por motivos locais, o governo do Estado evitava se envolver, fazendo apenas o papel de árbitro entre os contendores; 
C
Apesar do poderio da terra garantir a exploração da mão-­de-­obra barata dos despossuídos, para os conflitos armados, os poderosos “coronéis” buscavam força militar nas regiões vizinhas para evitar o desperdício da força de trabalho nas contendas armadas;
D
Era comum a constituição das comunas caririenses, nos primeiros anos da República. Verdadeiros “feudos” políticos, eram autênticos senhores de poder político e militar baseado principalmente na propriedade da terra; 
E
A eleição de Campos Sales para a presidência do Brasil pôs fim às práticas dos comerciantes e fazendeiros do Cariri auxiliarem seus parentes nas eleições locais e nas lutas armadas.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Resposta correta: D

Tema central: práticas políticas locais no Cariri (1889–1930) — estrutura do coronelismo, uso da força e formação de “comunas” como bases de poder político e militar.

Resumo teórico: Na Primeira República o poder local era dominado por proprietários rurais que controlavam clientelas, votos e forças armadas privadas. Esses núcleos — frequentemente chamados de comunas ou “feudos” políticos — articulavam poder econômico (terra), social (clientelismo) e militar (capangas, jagunços). Conceitos úteis: coronelismo, voto de cabresto e política dos governadores (B. Fausto; S. Buarque de Holanda).

Por que a alternativa D é correta: Afirma que havia constituição de comunas caririenses — “feudos” políticos com poder político e militar baseado na propriedade da terra — o que condiz com a historiografia da região. O texto de apoio (descrição de armas caseiras) ilustra a violência privada e a capacidade coercitiva dos fazendeiros, característica das comunas.

Análise das alternativas incorretas:

A — Falsa. A região não era palco de união pacífica entre proprietários; ao contrário, rivalidades locais e disputas por poder eram frequentes.

B — Falsa. O Estado estadual muitas vezes se aliava aos poderosos locais ou intervinha em favor de um dos grupos; raramente atuava como árbitro neutro.

C — Falsa. Os coronéis não costumavam buscar força externa distante para evitar “desperdício” de mão de obra; mantinham milícias clientelares locais (jagunços) exatamente porque dependiam da coercividade local.

E — Falsa. A eleição de Campos Sales não eliminou essas práticas; a chamada “política dos governadores” (consensos entre elites federal e estaduais) tende a reforçar acordos oligárquicos, não sua extinção.

Sugestão de leitura: Boris Fausto, História do Brasil (cap. República Velha); Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil (para patrimonialismo).

Estratégia de prova: identifique palavras-chave do enunciado (comunas, feudos, propriedade da terra, poder militar) e relacione com conceitos clássicos do coronelismo; descarte alternativas que contradigam a dinâmica de violência e clientelismo local.

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