Questão 6207d578-b0
Prova:PUC - SP 2018
Disciplina:História
Assunto:Construção do Estado Liberal: Revolução Francesa, História Geral

“Em um mundo convulsionado, o governo português adotou a política de tentar barrar as ideias de mudança. Em Lisboa, tornou-se célebre a figura do chefe de polícia, Pina Manique, responsável pela instauração de um clima de terror na cidade. Ele proibiu livros franceses, reuniões de todo o tipo, perseguindo tudo o que lembrasse as ideias revolucionárias. O que valia para Portugal, valia em dobro para o Brasil, como a proibição de montar tipografias e importar livros.”
CALDEIRA, Jorge. Viagem pela história do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998

O trecho acima trata das consequências dos ideais da Revolução Francesa para Portugal e o Brasil, como exemplo do que ocorreu internamente nas monarquias absolutistas após 1789. Assim, podemos AFIRMAR que a Revolução Francesa e seus ideais

A
tiveram impacto direto nas sociedades vizinhas à França, sobretudo na Inglaterra, onde as Revoluções Puritana e Gloriosa puderam acontecer, graças ao exemplo francês.
B
permitiram que as ideias iluministas penetrassem em todos os países europeus, contribuindo para a derrubada do Antigo Regime em todo o continente, a exemplo do que ocorreu em Portugal e no Império Russo.
C
contribuíram para fortalecer pensamentos de igualdade política e liberdade econômica, motivando movimentos de independência em colônias dos países europeus, mas também despertando ações contrarrevolucionárias nas monarquias europeias.
D
fizeram ascender ao poder Napoleão Bonaparte que, com apoio dos Jacobinos, pôde formar seu império e levar os ideais revolucionários por toda Europa por meio do Código Napoleônico.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: C

Tema central: impacto da Revolução Francesa (1789) — difusão de ideias iluministas (liberdade, igualdade, cidadania) e suas repercussões políticas: inspiraram independências e reformas, mas também provocaram reações conservadoras nas monarquias.

Resumo teórico: A Revolução trouxe princípios que questionavam o Antigo Regime. Esses ideais vieram por meios diversos — imprensa, migração de militantes, campanhas militares e reformas napoleônicas — e produziram efeitos heterogêneos: movimentos emancipacionistas nas colônias (ex.: Hispanoamérica, Haiti), reformas administrativas e codificações (Código Napoleônico) e, paralelamente, políticas repressivas e restauração conservadora (Congresso de Viena, reação metternichiana). Fontes clássicas: E. Hobsbawm, The Age of Revolution; Simon Schama, Citizens; e, para o contexto luso-brasileiro, Jorge Caldeira.

Por que a alternativa C é correta:

C sintetiza com equilíbrio dois efeitos centrais: 1) promoveu discursos sobre igualdade política e liberdades que alimentaram processos de independência nas colônias; 2) gerou reação conservadora nas monarquias europeias (leis, censura, polícia política — como Pina Manique em Portugal). A alternativa evita generalizações absolutas e reconhece a ambivalência histórica.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta: coloca as Revoluções Puritana (século XVII) e Gloriosa (1688) como decorrentes da Revolução Francesa — erro cronológico e causal. Essas revoluções ocorreram muito antes e têm origens próprias.

B — Incorreta: exagera o alcance imediato — as ideias penetraram em muitos países, mas não derrubaram o Antigo Regime "em todo o continente". Muitos Estados reagiram e mantiveram-se, e exemplos como o Império Russo mostram resistência e reformas tardias.

D — Incorreta: mistura fatos. Napoleão ascendeu após a Revolução, mas não com apoio dos jacobinos (seu vínculo foi complexo) e sua política imperial nem sempre expandiu os ideais revolucionários; muitas vezes consolidou poder autoritário. O Código Napoleônico difundiu reformas civis, mas não equivale à plena realização dos princípios revolucionários.

Dica de prova: observe cronologia, evite respostas absolutas ("em todo", "sempre"), e identifique se a alternativa reconhece efeitos múltiplos (difusão vs. reação). Pergunte-se: a afirmativa respeita fontes e sequência histórica?

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