Questão 61f229ca-b0
Prova:PUC - SP 2018
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

“Durante o século XVII, foram produzidas mais de cinco milhões de pinturas nos Países Baixos. Elas foram encomendadas por uma classe média emergente e próspera, que substituiu o mecenato da Igreja e da nobreza. Esses novos mecenas tinham gostos diferentes, o que levou a uma exploração de novos temas e à criação de novos meios de produção”.
FARTHING, Stephen (ed.). Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2010

A história do nordeste brasileiro ficou marcada pela forte presença holandesa na região, no século XVII. Assim, a partir das informações do texto acima e dos conhecimentos históricos, podemos AFIRMAR que a arte no nordeste brasileiro, do período das invasões holandesas

A
era majoritariamente religiosa, uma vez que era desenvolvida por artistas ainda muito influenciados pela política dos Habsburgo católicos.
B
sofria forte influência jesuítica, retratando o contato com os índios nativos.
C
foi obrigada a buscar expressões do dia a dia, já que os católicos e os cristãos-novos estavam sendo perseguidos pelo governo de Nassau.
D
retratava situações do cotidiano, pessoas e a natureza, o que só foi possível pois os protestantes holandeses, como Frans Post e Albert Eckhout, divergiam dos católicos que consideravam este tipo de arte profana e, portanto, proibida.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa D

Tema central: trata-se da arte produzida no Nordeste durante a ocupação holandesa (década de 1630–1654) e da influência religiosa e cultural sobre os temas artísticos. É essencial conhecer o contexto do Brasil holandês — governo do conde de Nassau (Johan Maurits) e a tradição artística protestante holandesa — e artistas como Frans Post e Albert Eckhout.

Resumo teórico: na Holanda do século XVII predominava uma economia e uma sociedade burguesas que encomendaram obras de temas profanos: retratos, paisagens, naturezas‑mortas e cenas do cotidiano. Ao chegar ao Brasil, artistas holandeses documentaram flora, fauna, indígenas e cenas locais em obras naturalistas, porque a estética protestante dava menos ênfase à arte sacra em instituições públicas. (Ver: FARTHING, S. Tudo sobre arte, 2010; catálogos do Rijksmuseum sobre Frans Post/Albert Eckhout.)

Por que a alternativa D é correta? Porque descreve com precisão que a produção retratava cotidiano, pessoas e natureza e relaciona isso à diferença de sensibilidade religiosa: artistas protestantes holandeses valorizavam temas profanos e documentais. Frans Post e Albert Eckhout são exemplos diretos dessa prática no Brasil holandês, financiada pela administração e por colecionadores interessados em obras etnográficas e naturalistas.

Por que as outras alternativas estão erradas:

A — Incorreta: a arte no espaço holandês não era majoritariamente religiosa; o domínio holandês no Nordeste estava ligado à República Holandesa protestante, não ao mecenato católico dos Habsburgos.

B — Incorreta: a influência jesuítica caracteriza a arte religiosa portuguesa, não a produção holandesa. Embora haja representações de indígenas, não decorrem de um programa jesuítico, mas de interesse científico/colonial dos holandeses.

C — Incorreta: a afirmação de que Nassau perseguiu católicos e cristãos‑novos e por isso a arte “foi obrigada” a buscar o cotidiano é falsa. Johan Maurits praticou relativa tolerância religiosa e incentivou registros naturalistas e etnográficos; não houve perseguição generalizada que explicasse a mudança temática.

Dica de prova: identifique no enunciado pistas históricas (Holanda = protestante; nomes de artistas) e descarte alternativas que misturam contextos portugueses/Habsburgo/jesuítas com o contexto do Brasil holandês.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Estatísticas

Questões para exercitar

Artigos relacionados

Dicas de estudo