Reverendo padre reitor, eu, Manoel Beckman, como procurador eleito por aquele povo aqui presente, venho intimar a vossa reverência, e mais religiosos assistentes no Maranhão, como justamente alterados pelas vexações que padece por terem vossas paternidades o governo temporal dos índios das aldeias, se tem resolvido a lançá-los fora assim do espiritual como do temporal, então e não tem falta ao mau exemplo de sua vida, que por esta parte não tem do que se queixar de vossas paternidades; portanto, notifico a alterado povo, que se deixem estar recolhidos ao Colégio, e não saiam para fora dele para evitar alterações e mortes, que por aquela via se poderiam ocasionar; e entretanto ponham vossas paternidades cobro em seus bens e fazendas, para deixá-las em mãos de seus procuradores que lhes forem dados, e estejam aparelhados para o todo tempo e hora se embarcarem para Pernambuco, em embarcações que para este efeito lhes forem concedidas.

João Felipe Bettendorff, Crônica dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão. 2ª Edição, Belém: SECULT, 1990, p.360.

O movimento liderado por Manuel Beckman no Maranhão, em 1684, foi motivado pela

Resposta correta: Alternativa B

1) Tema central
O item trata da Revolta de Manuel (Manoel) Beckman — Maranhão, 1684 — cujo cerne foi a disputa pela mão de obra indígena e a insatisfação dos colonos com medidas econômicas e comerciais que prejudicavam seus interesses, nomeadamente as práticas associadas à atividade comercial monopolista na capitania.

2) Resumo teórico e contexto
- No século XVII os colonos do Maranhão buscavam mão de obra para o cultivo e para a produção (açúcar, algodão).
- Os jesuítas protegem e catequizam indígenas aldeados, impedindo muitas vezes sua escravização pelos colonos. Isso gera conflito direto.
- Paralelamente havia queixas sobre intermediários e monopólios comerciais (ações da Companhia/empresas que regulamentavam e controlavam o comércio local), que elevavam custos e limitavam o acesso a crédito/mercado pelos colonos.
Fontes úteis: João Felipe Bettendorff, Crônica dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão (citado no enunciado); manuais de História do Brasil (ex.: Boris Fausto) para panorama colonial.

3) Justificativa da alternativa B
A alternativa B resume corretamente as duas causas principais: a questão da mão de obra indígena (os jesuítas protegiam indígenas, contrariando interesses dos colonos que queriam escravizá‑los) e a insatisfação com práticas comerciais/monopolistas que afetavam a economia local. Esses fatores mobilizaram líderes como Manoel Beckman contra autoridades religiosas e administrativas.

4) Por que as outras alternativas estão erradas
A: Proibição do ensino laico — não foi causa da revolta; o conflito era econômico e sobre trabalho indígena, não sobre ensino.
C: Ameaça de abandono e catequese — incorreto: os jesuítas defendiam a catequese e proteção dos indígenas; a questão não foi uma “ameaça de abandono”.
D: Apoio jesuíta a interesses espanhóis/holandeses — sem base histórica; os conflitos eram locais entre colonos, jesuítas e comerciantes portugueses/administradores.
E: Tentativa dos jesuítas de aumentar o preço dos escravos indígenas — impreciso: os jesuítas, em regra, evitavam a escravização; a disputa não era sobre aumento de preços, mas sobre a defesa dos indígenas contra captura e venda.

5) Estratégia para prova
Procure palavras‑chave no enunciado: “mão de obra indígena”, “companhi(a)/comércio”, “jesuítas”. Em questões históricas, relacione causas econômicas + religiosas; descarte alternativas que proponham motivos estranhos ao conflito real (ex.: ensino laico, alianças internacionais sem evidência).

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