Questão 5c498e5b-ab
Prova:USP 2013
Disciplina:História
Assunto:Medievalidade Europeia, História Geral

Durante muito tempo, sustentou-se equivocadamente que a utilização de especiarias na Europa da Idade Média era determinada pela necessidade de se alterar o sabor de alimentos apodrecidos, ou pela opinião de que tal uso garantiria a conservação das carnes. A utilização de especiarias no período medieval.

A
permite identificar a existência de circuitos mercantis entre a Europa, a Ásia e o continente africano.
B
demonstra o rigor religioso, caracterizado pela condenação da gastronomia e do requinte à mesa.
C
revela a matriz judaica da gastronomia medieval europeia
D
oferece a comprovação da crise econômica vivida na Europa a partir do ano mil
E
explicita o importante papel dos camponeses dedicados a sua produção e comercialização.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa A

Tema central: a questão aborda a utilização de especiarias na Europa medieval e o que esse uso revela sobre as relações econômicas e culturais da época. É importante entender comércio de longa distância, status social e mitos populares (ex.: que especiarias serviam para “esconder” carne estragada).

Resumo teórico progressivo: especiarias como pimenta, canela, cravo e noz‑moscada eram produzidas na Ásia e arquipélagos tropicais. Eram bens caros e de prestígio, consumidos sobretudo pelas elites. O abastecimento europeu dependia de intermediários — mercadores árabes, venezianos e genoveses — e de rotas terrestres (Rota da Seda) e marítimas (Índico, Mediterrâneo). Autores como Fernand Braudel e Janet Abu‑Lughod explicam esse circuito comercial e sua importância para a economia medieval e para a formação de rotas marítimas modernas.

Por que a alternativa A está correta: o uso difundido de especiarias na elite europeia só se explica pela existência de circuitos mercantis conectando Europa, Ásia e África. As especiarias eram importadas de regiões distantes e chegaram à Europa por vias que cruzavam o Mediterrâneo, o Oriente Médio e o Oceano Índico — prova concreta de intercâmbio comercial intercontinental e da dependência europeia desses fluxos.

Análise das incorretas:

B — Rigor religioso e condenação do requinte: incorreta. Embora a Igreja regulasse práticas e censurasse excessos em alguns momentos, a gastronomia refinada e o uso de especiarias eram sinais de status aristocrático e urbano, não expressão de rigor religioso generalizado.

C — Matriz judaica da gastronomia medieval: incorreta. Comunidades judaicas contribuíram para a vida urbana e comercial, mas as especiarias entram via comércio intercontinental e eram consumidas por várias camadas sociais cristãs e muçulmanas; não há fundamento para atribuí‑las a uma “matriz judaica”.

D — Comprovação de crise econômica a partir do ano 1000: incorreta. Pelo contrário, o período pós‑ano 1000 teve crescimento demográfico, urbanização e expansão comercial que facilitaram o consumo de bens de luxo como especiarias.

E — Papel dos camponeses na produção/comercialização: incorreta. Especiarias tropicais não eram produzidas na Europa por camponeses; sua produção concentrava‑se em regiões asiáticas e insulares, sendo o comércio realizado por mercadores internacionais, não por lavradores europeus.

Fontes recomendadas: Fernand Braudel, A Civilização Material; Janet L. Abu‑Lughod, Before European Hegemony; e estudos sobre a rota do comércio de especiarias e a expansão mercantil medieval.

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