A Revolução Francesa foi um marco importante para o avanço do pensamento
liberal iluminista e expansão do capitalismo na Europa. De acordo com Alexis de
Tocqueville:
“[...] o objetivo da Revolução Francesa não era tão somente
mudar o governo mas também abolir a antiga forma de
sociedade, teve de atacar-se, ao mesmo tempo, a todos os
poderes estabelecidos, arruinar todas as influências
reconhecidas, apagar as tradições, renovar os costumes e os
hábitos e esvaziar, de certa maneira, o espírito humano de
todas as idéias(sic) sobre as quais se assentavam até então o
respeito e a obediência.”
(TOCQUEVILLE, Alexis. O Antigo Regime e a Revolução. Brasília: Editora
Universidade de Brasília, 1997, p.56.)
Assinale a alternativa que corresponde às medidas tomadas pelos revolucionários
franceses e que se relacionam à análise de Tocqueville.
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: a questão avalia o conhecimento sobre as medidas revolucionárias que romperam com o Antigo Regime — exatamente o que Tocqueville descreve ao afirmar que a Revolução mirou não só o governo, mas as tradições, influências e hábitos sociais.
Resumo teórico (sucinto): a Revolução Francesa (1789–1799) promoveu transformação política e social: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) — princípios liberais; abolição dos privilégios feudais (agosto/1789); Constituição Civil do Clero (1790) — subordinou a Igreja ao Estado; calendário republicano (1793) — ruptura simbólica com tradições cristãs; e a proclamação da República (set/1792). Esses atos confrontaram as bases do Antigo Regime, conforme Tocqueville (O Antigo Regime e a Revolução).
Por que a alternativa A é correta: lista medidas reais e coerentes com a análise de Tocqueville — proclamação da República, adoção do calendário revolucionário, aprovação da Constituição Civil do Clero e da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão — todas visaram “apagar tradições” e reorganizar a sociedade.
Análise das alternativas incorretas:
B — afirma manutenção/fortalecimento da Monarquia Absolutista e do sistema estamental: o oposto do ocorrido. A Revolução atacou justamente esses elementos.
C — mistura fatos errados: não houve sufrágio universal nem direito de voto feminino na fase revolucionária (o sufrágio passou a ser masculino e, por vezes, censitário). A servidão e o feudalismo foram atacados e parcialmente abolidos, não mantidos.
D — incompatível com a realidade: Luís XVI foi condenado; Robespierre não reforçou privilégios da Igreja nem promoveu venda generalizada de títulos nobiliárquicos — ele comandou políticas igualitárias e o Terror contra opositores da Revolução.
E — refere-se à Magna Carta (1215, Inglaterra), anacrônica e estrangeira ao contexto; o Tribunal Revolucionário foi instrumento do Terror e não garantia imparcialidade e justiça nos moldes apresentados.
Dica de interpretação: busque palavras-chave históricas (datas, nomes de leis e símbolos: "calendário revolucionário", "Constituição Civil do Clero", "Declaração de 1789", "proclamação da República") e verifique coerência entre o que a alternativa descreve e a lógica de ruptura/tutela do Antigo Regime.
Fontes rápidas: Tocqueville, O Antigo Regime e a Revolução; Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789); Constituição Civil do Clero (1790); adoção do Calendário Revolucionário (1793).
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