Questão 563feef4-bb
Prova:UNEB 2016
Disciplina:História
Assunto:República Oligárquica - 1889 a 1930, História do Brasil

“A criminalização dos manifestantes e dos movimentos sociais é expressão da violência ilegítima do Estado e da truculência contra a democracia”, fato que pode ser observado na ação do Estado brasileiro em relação

Diz a Constituição que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente. A ética republicana impõe a separação entre o público e o privado, bem como a democracia, que se caracteriza pelo poder do povo. Não só através dos seus representantes, mas também diretamente. Manifestações públicas são expressão da democracia direta. A ocupação da cidade pelos seus habitantes é o que dá a exata dimensão da cidadania. A criminalização dos manifestantes e dos movimentos sociais é expressão da violência ilegítima do Estado e da truculência contra a democracia. É uma violação da ética que há de orientar as relações públicas, tendo-se o Estado como ente instituído e a sociedade como instituidora e titular de todo poder. A ética republicana impõe assim o reconhecimento da supremacia da sociedade sobre o Estado.
A realização do Estado Democrático de Direito pressupõe o respeito absoluto e incondicional aos valores jurídicos que lhe são próprios, o exercício das funções públicas para a proteção dos direitos da pessoa humana e a realização das liberdades públicas, a democratização da estrutura do Estado, a atuação estatal transparente que permita ao cidadão o controle de seu funcionamento e a promoção e a defesa dos princípios da democracia pluralista e a difusão da cultura jurídica democrática.
São frequentes as mobilizações para a guerra, mas havemos de mobilizar para a paz; são frequentes as mobilizações para a ‘demonização’ de pessoas ou grupos sociais, notadamente daqueles que se situam no campo dos excluídos, e nesse sentido setores da mídia têm prestado grande desserviços aos direitos humanos, mas havemos de mobilizar para a garantia dos direitos.
(DAMASCENO*, 2016).

*João Batista Damasceno é doutor em Ciência Política pela UFF e juiz de Direito. 

A
à Revolta Farroupilha.
B
à Independência da Bahia.
C
ao Movimento Conselheirista de Canudos.
D
à Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
E
ao movimento pelas “Diretas Já”.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa C

Tema central: a questão trata da criminalização de movimentos sociais e da violência estatal como forma de repressão política — padrão identificado em certos episódios da história brasileira em que o Estado rotula, demoniza e reprime com força militar grupos dissidentes.

Resumo teórico: Movimentos sociais podem ser tratados pelo poder público como legítima expressão política ou como ameaça a ser eliminada. A criminalização envolve rotular participantes como criminosos, fanáticos ou bandidos; a truculência estatal refere-se ao uso desproporcional de força (militar/policial) para sua neutralização. Fontes históricas e jurídicas importantes: Euclides da Cunha, Os Sertões (relato sobre Canudos); CF/1988 (princípios do Estado Democrático de Direito, arts.1º e 5º).

Justificativa da alternativa correta (C): O Movimento Conselheirista em Canudos (1896–1897), liderado por Antônio Conselheiro, foi sistematicamente demonizado pela imprensa do Rio e considerado perigoso pela República nascente. O Estado enviou quatro expedições militares, culminando numa ofensiva final exterminadora contra a comunidade — clara expressão de violência ilegítima e criminalização social. Euclides da Cunha documenta essa postura do Estado e da mídia: rotulação moral, terrorismo de Estado e extermínio militar.

Análise das alternativas incorretas:

A — Revolta Farroupilha: conflito separatista (1835–1845) entre provincianos e o Império. Embora haja repressão militar, trata‑se de guerra regional e insurgência contra o poder imperial, não do padrão moderno de criminalização midiática e extermínio de movimentos sociais descrito no texto.

B — Independência da Bahia: processo militar/político de expulsão das tropas portuguesas (1822–1823). É luta pela independência, não um caso de Estado nacional democraticamente constituído criminalizando movimentos sociais internos.

D — Marcha da Família com Deus pela Liberdade: mobilização conservadora de 1964 que apoiou o golpe militar. Foi causa/aliada da repressão, não exemplo de Estado que criminaliza manifestantes por defender direitos — ao contrário, promoveu a reação autoritária.

E — Diretas Já: grande mobilização popular na redemocratização (1983–84). Embora tenha havido controle e repressões pontuais no regime militar, Diretas Já foi um movimento de contestação ao autoritarismo e não exemplifica o padrão de demonização seguida de extermínio estatal como em Canudos.

Estrategia de prova: ao ler o enunciado, destaque palavras-chave (criminalização, truculência, demonização pela mídia, extermínio). Procure na memória histórica episódios com essas características; o único que agrega demonização jornalística e ataque militar exterminador é Canudos.

Fontes: Euclides da Cunha, Os Sertões; Constituição Federal de 1988, arts. 1º e 5º (princípios democráticos e direitos fundamentais).

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