Em determinados contextos, o crime de adultério
serviu para penalizar e expor as mulheres a severos
julgamentos sociais sobre sua idoneidade moral.
“O casamento é assim há cerca de três mil anos. A
monogamia surgiu com a família, para garantir a
manutenção da herança nas mesmas mãos. A relação fora
do casamento era um crime inadmissível, o adultério.
Mas só para as mulheres, pois o marido não podia correr
o risco de ter um filho bastardo. Os homens não tinham
esse problema. Sempre se sabe quem é a mãe de uma
criança. Já o pai precisou esperar até a Ciência
desenvolver os testes com base no DNA para ter certeza
de que o filho é seu.” (OLIVEIRA, Malu. Homem e
mulher a caminho do século XXI. São Paulo: Ática, 1997,
p. 30).
Considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre
a instituição família, assinale o que for correto.
Considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre a instituição família, assinale o que for correto.
Gabarito comentado
Resposta: Certo (C)
Tema central e relevância: A questão trata da família como instituição reguladora da sexualidade e da transmissão de herança, relacionando‑a com a monogamia e com a punição social e legal do adultério — sobretudo sobre as mulheres. Compreender esse tema é essencial para provas de sociologia porque envolve conceitos de socialização, gênero, poder e normas sociais.
Resumo teórico: Historicamente, a família monogâmica surgiu como forma de organizar a transmissão de bens e direitos (Parsons, 1956) e de assegurar a filiação legítima do herdeiro. Estudos de sociologia da família e de gênero apontam que o controle social da sexualidade recaiu de modo desigual sobre mulheres — a chamada dupla moral. Autores como Anthony Giddens (The Transformation of Intimacy, 1992) e análises feministas mostram que o adultério foi tipificado e estigmatizado como ameaça à honra familiar, com consequências sociais e legais mais severas para mulheres do que para homens.
Justificativa da alternativa correta: A assertiva diz que, em certos contextos, o crime de adultério serviu para penalizar e expor mulheres a julgamentos severos sobre sua idoneidade moral. Isso é historicamente verídico: em diversas sociedades e períodos o adultério feminino implicava penas criminais, perda de direitos civis e forte estigmatização social, enquanto a infidelidade masculina era frequentemente tolerada ou sancionada de forma menos rigorosa. A citação da autora Malu Oliveira no enunciado reforça esse quadro sociológico.
Estratégia para interpretar enunciados C/E (pegadinhas comuns): em provas, verifique se a frase afirma algo generalizante demais (ex.: "sempre" ou "em todos os lugares"). Aqui o enunciado usa "em determinados contextos", o que é prudente e historicamente sustentável. Busque palavras-chave como "penalizar", "expor" e "mulheres" e relacione com conhecimentos sobre patriarcado, honra e legislação histórica.
Fontes sugeridas: Oliveira, M. (1997). Homem e mulher a caminho do século XXI; Parsons, T. (1956). The Social System; Giddens, A. (1992). The Transformation of Intimacy — para fundamentação teórica sobre família, paternidade e normas de gênero.
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