Questão 4f857dce-4e
Prova:UFRN 2006
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

No século XVII, os holandeses conquistaram o nordeste da América Portuguesa (Brasil) e imprimiram características próprias a essas áreas coloniais. O apogeu do governo holandês deu-se à época da administração do príncipe João Maurício de Nassau (1637-1644).

Considerando-se o governo de Nassau e comparando-o com a colonização portuguesa, pode-se afirmar que

A
a colonização holandesa aprovava a libertação dos negros, índios e mestiços; ao passo que a colonização portuguesa defendia a escravidão dos negros africanos e dos ameríndios.
B
a colonização holandesa permitia a convivência entre protestantes, católicos e judeus; enquanto que a colonização portuguesa proibia a prática de qualquer outra religião que não fosse o catolicismo.
C
os holandeses doavam terras de suas colônias para que os homens-bons construíssem os seus engenhos de açúcar; enquanto que a Coroa Portuguesa vendia terras aos senhores de engenhos.
D
os holandeses desenvolviam a produção açucareira utilizando o engenho movido a vapor; ao passo que a Coroa Portuguesa expandia sua produção utilizando-se do engenho a tração animal.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta correta: B

Tema central: o governo de João Maurício de Nassau (1637–1644) em Pernambuco e sua política de tolerância religiosa, em contraste com a prática colonial portuguesa marcada pelo monopólio católico e pela atuação da Inquisição.

Resumo teórico: Nassau fomentou um ambiente relativamente plural — atraindo artistas, cientistas e comerciantes, inclusive judeus e protestantes — e permitiu práticas religiosas diferentes do catolicismo. Exemplo concreto: a comunidade judaica em Recife pôde construir a sinagoga Kahal Zur Israel (única sinagoga conhecida no período colonial nas Américas). A colonização portuguesa, por sua vez, estava vinculada à Igreja Católica e às instituições inquisitoriais que reprimiam a prática pública de outras religiões.

Fontes recomendadas: Charles R. Boxer, The Dutch in Brazil, 1624–1654; verbete “John Maurice, Prince of Nassau” na Encyclopaedia Britannica. Para o contexto do catolicismo e Inquisição, veja estudos sobre a Inquisição Portuguesa (séculos XVI–XVIII).

Por que a alternativa B é correta: Nassau aplicou uma prática administrativa pragmática e tolerante, permitindo a presença pública de protestantes e judeus por motivos econômicos e administrativos. Esse pluralismo contrastava com a política portuguesa que, na prática colonial, mantinha o catolicismo como religião dominante e restringia a livre prática de outras confissões.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. Nem os holandeses nem os portugueses “aprovavam” a libertação generalizada de negros, índios e mestiços no século XVII. A escravidão africana e formas de coerção indígena persistiram em ambas as colônias; os holandeses também usaram trabalho escravo nas plantações.

C — Incorreta. A política fundiária era complexa: portugueses concediam sesmarias e outorgas, e não havia simples doação generalizada por holandeses para “homens-bons”; além disso, a Coroa portuguesa não vendia terras de modo uniforme como a alternativa sugere.

D — Incorreta e anacrônica. O engenho a vapor só se torna relevante no século XIX; no século XVII a moagem era movida por tração animal, moinhos de vento/água e procedimentos tradicionais, portanto não houve uso difundido de vapor pelos holandeses no Brasil colonial.

Dica de prova: desconfie de frases absolutas e de anacronismos (ex.: “engrenhagem a vapor no século XVII”). Compare conhecimentos gerais do período e busque fatos concretos (ex.: sinagoga em Recife) que confirmem a alternativa.

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