A tarefa do agenciador não requer muita especialização; basta dizer aos camponeses que dentro de alguns meses terão dinheiro aos montes, que num par de anos serão proprietários de latifúndios, que de trabalhadores braçais tornar-se-ão patrões e persuadir meia dúzia dos mais importantes e o apostolado está completo (...). E assim, aos gritos de “Viva a América, morram os patrões”, levas de emigrantes deixaram a região dirigindo-se para o Brasil.
Comentário de um observador italiano, em 1874. SEVCENKO, N., org. História da Vida Privada no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1998. V. 3, p. 231.
O observador italiano apresenta, em seu comentário, uma realidade que no Brasil está associada
Comentário de um observador italiano, em 1874. SEVCENKO, N., org. História da Vida Privada no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1998. V. 3, p. 231.
O observador italiano apresenta, em seu comentário, uma realidade que no Brasil está associada
Gabarito comentado
Resposta correta: C
Tema central: políticas imigratórias do Império e argumentos ideológicos associados à entrada de europeus no Brasil — especialmente a ideia de que a imigração ajudaria a “modernizar” e embranquecer a sociedade.
Resumo teórico: Desde meados do século XIX o Estado e setores agrários brasileiros incentivaram a vinda de trabalhadores europeus para suprir a mão de obra assalariada, substituir gradualmente o trabalho escravo e promover mudanças sociais e culturais. Essa política apoiava-se na noção racialista do branqueamento e em discursos de “civilização” europeia. Documentos e debates da época dialogam com medidas como a Lei de Terras (1850), que condicionou o acesso à terra e incentivou a imigração contratada.
Justificativa da alternativa C: O trecho citado refere-se ao trabalho de agenciadores que prometiam enriquecimento e mudança de condição social para atrair migrantes — prática integrada a um projeto maior: trazer europeus considerados aptos a “civilizar” e “modernizar” o país e, implicitamente, torná-lo mais europeo/“branco”. A alternativa C sintetiza corretamente esse contexto ideológico e político.
Análise das alternativas incorretas:
A — fala em levantes armados contra o governo imperial; o texto trata de recrutamento e expectativas falsas, não de revoltas organizadas contra o Estado.
B — afirma promessa de virar dono de indústrias; inadequado: o foco era propriedade rural ou melhora social, não ascensão à condição de industriais num país ainda agrário.
D — exagera ao dizer que o Império cansativamente “convencia” europeus a doarem terras; a atração era feita por agenciadores e políticas de assentamento, não por doações de terras que tornassem imediatamente grandes latifundiários.
E — menciona dívidas com o governo pelos custos de viagem; problema real em alguns contratos, mas o comentário do observador destaca o papel dos agenciadores e do discurso civilizatório, não especificamente as dívidas.
Dica de prova: busque palavras-chave no enunciado — “agenciador”, “promessas”, “morriam os patrões” — e relacione com políticas públicas e discursos (civilização/embranquecimento). Descarte alternativas que extrapolem o foco temporal ou deslocam o sujeito da ação (Estado x agenciadores).
Fontes: SEVCENKO (org.), História da Vida Privada no Brasil; consulta à legislação e estudos sobre imigração e Lei de Terras (1850).
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