Sobre o que se convencionou chamar de micro-história e sua vertente mais conhecida, a italiana,
pode‑se afirmar que ela se apoia na perspectiva da redução da escala de observação e na predileção
pelas dimensões microscópicas do passado, especialmente relativas ao cotidiano, ao indivíduo e a vida
privada dos homens e mulheres do passado.
Gabarito comentado
Alternativa correta: E — Errado
Tema central: trata-se de micro‑história (especialmente a corrente italiana): disciplina que trabalha com «escala reduzida» — estudos de casos particulares — para produzir interpretações históricas mais densas. É importante saber origem, método e objetivos dessa abordagem para avaliar enunciados que a definam.
Resumo teórico e principais características: a micro‑história italiana (déc. 1970–1980) — nomes-chave: Carlo Ginzburg, Giovanni Levi — parte de fontes locais/forenses para reconstruir mentalidades, práticas e significados. Busca evidenciar como um caso singular pode iluminar processos sociais e culturais mais amplos, usando leitura detalhada de indícios, atenção ao contexto e interconexão entre indivíduo e estruturas. Não é mera celebração do privado ou do cotidiano; é um método interpretativo que relaciona micro e macro (ver Ginzburg, The Cheese and the Worms, 1976; Levi, “On Microhistory”, 1991; Peter Burke, 1992). Geertz (thick description) também é referência teórica para interpretação densa.
Por que a afirmação é errada? Porque apresenta a micro‑história como se fosse simplesmente uma preferência por «dimensões microscópicas» do cotidiano e da vida privada. Isso reduz e deturpa o método: a micro‑história usa casos particulares (incluindo cortes de cotidiano ou conflitos públicos) como instrumento analítico para inferir estruturas, mentalidades e relações de poder. O foco não é «privado» por si só, mas a relação entre o particular e o geral, e a reconstrução de sentidos culturais a partir de vestígios.
Dica de prova — como identificar a pegadinha: desconfie de enunciados absolutistas ou simplificadores ("especialmente", "predileção") que transformam um método complexo em uma preferência temática. Pergunte: o autor afirma fim metodológico (reconstruir processos) ou apenas temática (estudar privada)? Se só tem a segunda, provavelmente é falso.
Referências essenciais: Carlo Ginzburg, The Cheese and the Worms (1976); Giovanni Levi, “On Microhistory” (1991); Peter Burke, Microhistory and the Postmodern Challenge (1992); Clifford Geertz, The Interpretation of Cultures (1973).
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!





