A consciência do passado, relativa a todo ser humano, vem do fato de que, em algum momento de
nossas vidas, tivemos contatos com pessoas mais velhas. Em algumas sociedades, o conhecimento
desse passado é um padrão para o presente, de maneira que copiando sempre as gerações anteriores
essas sociedades deixaram de conceber inovações e, em consequência, de se transformarem com o
tempo, sendo, por isso, sociedades “sem história” ou “a-históricas”.
Gabarito comentado
Resposta: E — Errado
Tema central: consciência histórica e a ideia de sociedades “sem história”. A questão testa sua capacidade de identificar noções eurocêntricas e a compreensão de que história não se resume a “inovação” ou mudança rápida.
Resumo teórico: História é o estudo das transformações no tempo — incluindo continuidade, repetição, resistência e inovação. A mera manutenção de práticas tradicionais não elimina temporalidade: toda tradição foi construída e evolui. A afirmação de que sociedades que preservam padrões seriam “a-históricas” é uma concepção equivocada e antropologicamente datada.
Por que a alternativa “Errado” é a correta: - A expressão “sociedades sem história” foi criticada por historiadores e antropólogos porque implica que apenas sociedades ocidentais modernas participam da história. Eric R. Wolf demonstrou esse equívoco em Europe and the People Without History (1982), mostrando como populações “marginadas” têm dinâmicas históricas ligadas a redes econômicas e políticas. - Dipesh Chakrabarty (Provincializing Europe) aponta que reduzir história a progresso/modernização é leitura teleológica e eurocêntrica. - Práticas tradicionais, memória oral e rituais são formas legítimas de registro histórico; além disso, a resistência à mudança é, em si, um fenômeno histórico que revela relações de poder, valores e condições materiais.
Exemplos práticos: sociedades com forte ênfase em tradição (como o Japão pré‑Meiji ou sociedades indígenas) passaram por rupturas e adaptações históricas — logo, não são “a‑históricas”.
Dica para concursos: quando um enunciado generaliza (“todas”, “sempre”, “sociedades sem história”), questione o termo-chave (“história”) e procure por julgamentos teleológicos ou eurocêntricos. Se puder citar uma fonte crítica (Wolf, Chakrabarty) ou lembrar que memória oral é fonte histórica, você fortalece a justificativa.
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