A irredutível originalidade da história, quando comparada com as demais ciências humanas,
consiste essencialmente na permanente consideração dos acontecimentos em seu desenvolvimento
cronológico. O espírito da sociologia (à semelhança do que sucede às outras ciências do homem)
distingue-se do “espírito histórico”, antes de tudo, por uma atitude diferente, por uma exigência
diferente em relação à cronologia. Para um historiador não é essencial o desenrolar de um fato,
mas sua verificação num momento dado. (GLÉNISSON, 1986, p. 28-29).
De acordo as ideias do texto, pode-se afirmar:
Afirmar que “para um historiador não é essencial o desenrolar de um fato, mas sua verificação num
momento dado”, é, de alguma maneira, delimitar as fronteiras entre a História e as outras ciências do
homem, já que essas também podem partir do fato para explicar o acontecimento.
Gabarito comentado
Alternativa correta: C — Certo
Tema central: a diferença metodológica entre História e outras ciências humanas — especialmente a ênfase do historiador na verificação empírica de um fato em um dado momento (crítica das fontes e contextualização) em contraste com abordagens explicativas ou estruturais usadas em sociologia, economia etc.
Resumo teórico sucinto: a História trabalha com a crítica das fontes, busca estabelecer o que efetivamente ocorreu e situar esse evento numa sequência temporal (diachronia). Autores clássicos como E. H. Carr (What is History?) e Marc Bloch (The Historian’s Craft) destacam que o historiador precisa autenticar e contextualizar evidências antes de propor explicações. Em contrapartida, ciências como a sociologia podem privilegiar análises síncronas (estruturas, leis gerais, modelos) e hipóteses explicativas que partem de categorias teóricas.
Justificativa da resposta (por que C é certo): a frase citada — “para um historiador não é essencial o desenrolar de um fato, mas sua verificação num momento dado” — enfatiza o procedimento histórico: primeiro comprovar e datar o fato (verificação) para só então integrá‑lo na narrativa ou explicação. Isso marca uma fronteira metodológica com outras ciências do homem, que podem privilegiar modelos explicativos mesmo sem a mesma prioridade dada à autenticação e à especificidade temporal do acontecimento. Portanto, afirmar isso ajuda, de fato, a delimitar diferenças entre História e outras disciplinas humanas.
Dica de interpretação para provas: identifique termos-chave como “verificação” e “momento dado” — eles remetem a método (crítica de fonte, datação). Sempre relacione a afirmação ao modo como cada disciplina constrói o conhecimento (empírico e temporal vs. teórico/estrutural). Em questões C/E, prefira ler o enunciado procurando essa ênfase metodológica antes de concluir.
Referências sugeridas: Glénisson (1986, trecho), E. H. Carr — What is History?; Marc Bloch — The Historian’s Craft (para aprofundar método histórico).
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