Considerando-se sua dimensão revolucionária, a historiografia cristã e medieval rompe totalmente com
a tradição historiográfica herdada da Antiguidade greco-romana, especialmente naquilo que se pode
considerar o desprezo do cristianismo pelos fatos históricos e seu apego cego aos dogmas da fé e à
especulação teológica.
Gabarito comentado
Resposta: E — Errado
1. Tema central
A questão problematiza a relação entre a historiografia cristã/medieval e a tradição greco‑romana: pergunta se houve uma ruptura total e um “desprezo pelos fatos” em favor do dogma. Isso exige conhecer continuidade e diferenças metodológicas entre Antiguidade e Idade Média.
2. Resumo teórico
Embora a interpretação providencial (história orientada por Deus) seja característica medieval, não houve abandono absoluto das práticas críticas e factuais herdadas dos clássicos. Mostraram-se continuidades importantes: cópia e preservação de textos clássicos em mosteiros, uso de cronologias, anais, cartas e documentos como fontes, e trabalhos historiográficos com preocupação documental e cronológica (ex.: Beda, Einhard).
3. Fontes e exemplos
- Santo Agostinho, A Cidade de Deus: deu quadro teológico sem negar utilidade dos factos.
- Beda, Historia Ecclesiastica: exemplo de método cronológico e uso de fontes locais.
- Einhard, Vita Karoli: modelo biográfico com base em informação de testemunhas.
- Leituras secundárias: Marc Bloch, The Historian's Craft; R. W. Southern, The Making of the Middle Ages.
4. Justificativa do gabarito (por que E)
A afirmação é exagerada: não houve ruptura total nem desprezo sistemático pelos fatos. O medieval insere a explicação providencial, mas continuou a utilizar evidências, documentos e cuidar de cronologia. Portanto dizer que houve “apego cego aos dogmas” elimina a complexidade e as práticas críticas reais — logo, a frase é falsa.
5. Por que a alternativa C estaria errada
Marcar “Certo” implicaria aceitar uma generalização absoluta. Em provas, sentenças com termos absolutos como totalmente ou desprezo costumam ser incorretas quando a evidência histórica mostra continuidade e nuances.
Dica de prova: busque exemplos concretos e desconfie de afirmações radicais. Mostre conhecimento tanto da influência teológica quanto das práticas documentais medievais.
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