Diferentemente do clima grego do século V a.C., em que as pressões políticas eram eficazes na
elaboração do discurso histórico, os sucessores de Heródoto e de Tucídides conseguiram se afastar da
retórica, tornando a historiografia menos sujeita às pressões políticas e, desse modo, mais próxima da
verdade.
Diferentemente do clima grego do século V a.C., em que as pressões políticas eram eficazes na elaboração do discurso histórico, os sucessores de Heródoto e de Tucídides conseguiram se afastar da retórica, tornando a historiografia menos sujeita às pressões políticas e, desse modo, mais próxima da verdade.
Gabarito comentado
Alternativa correta: E — Errado
Tema central: trata-se de historiografia grega antiga — diferenças entre Heródoto e Tucídides e os chamados "sucessores". A questão avalia se, após o século V a.C., os historiadores teriam conseguido afastar-se da retórica e das pressões políticas, aproximando-se de uma “verdade” objetiva.
Resumo teórico: Heródoto e Tucídides representam modelos distintos: Heródoto mistura relato, etnografia e narrativas; Tucídides busca análise crítica dos acontecimentos e inclui discursos reconstruídos para explicar causas. Porém, nenhum historiador grego operava com a noção moderna de objetividade. A educação retórica e os contextos políticos (cidades, facções, monarquias helenísticas) continuaram a moldar a escrita histórica.
Por que a afirmativa é errada? Porque generaliza e vê uma evolução teleológica: os sucessores não se libertaram da retórica nem das influências políticas. Muitos autores posteriores (por exemplo, Xenofonte, Teopompo, Éforo, autores helenísticos) mantiveram recursos retóricos, reconstruíram discursos e trabalharam para interesses políticos ou de patronos. Além disso, no período helenístico surgiram histórias com função apologética ou propaganda régia — longe de uma imparcialidade crescente.
Exemplos e fontes: observe que Tucídides já compõe discursos para explicitar motivações; depois, a prática persiste. Para leitura acadêmica: John Marincola (obra sobre historiadores gregos) e Donald Kagan (estudos sobre Tucídides) discutem essa continuidade entre análise e retórica. Também úteis: coletâneas sobre historiografia grega e trabalhos de Momigliano sobre tradição historiográfica.
Dica para provas: desconfie de afirmativas teleológicas do tipo “diferença definitiva” ou “mais próxima da verdade”. Busque evidências históricas (nomes, práticas, contexto político) antes de aceitar uma evolução linear.
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