“A conquista do Brasil pressupunha também o
domínio ideológico dos povos das regiões
colonizadas pela Coroa lusitana. Havia que
provar pelo convencimento e pela força – a
superioridade do modo oficial português de ser.
Era necessário convencer as populações
nativas e os recém-chegados da inferioridade e
do 'bestialismo' dos hábitos americanos. Aopção
de europeus pela cultura material e social
tupinambá causava tensões insustentáveis na
férrea camisa-de-força vivencial em que as elites
civis e religiosas ibéricas enquadravam as
classes subalternas – metropolitanas e
coloniais.”
MAESTRI, Mário. Os senhores do litoral. Conquista portuguesa
e agonia tupinambá no litoral brasileiro. (século 16). POA:
Editora da Universidade/UFRGS, 1994. p. 61.
O texto acima e seus conhecimentos sobre as
relações de dominação entre europeus e as
populações indígenas na América Portuguesa
permitem afirmar que
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A
Tema central: trata-se da dominação ideológica dos europeus sobre povos indígenas na América Portuguesa — ou seja, do esforço sistemático de justificar, pela moral cristã e pela força, a superioridade cultural portuguesa e a condenação dos costumes indígenas.
Resumo teórico: a colonização portuguesa combinou coerção e ação missionária. Missionários (principalmente jesuítas) analisavam e interpre tabam costumes indígenas segundo padrões cristãos, visando converter e "civilizar". Essa leitura etnocêntrica classificava práticas nativas como "bestialismo" ou pecado, justificando intervenções. Fontes: relatos jesuíticos, trabalhos de historiadores como Mário Maestri e estudos sobre a catequese colonial.
Justificativa da alternativa A: A afirmação de que os missionários avaliavam o sistema cultural indígena segundo a moral cristã sintetiza exatamente a lógica exposta no texto: o objetivo era convencer (doutrinação) e corrigir o que se via como desvio moral. Isso está documentado em relatórios missionários e na prática cotidiana das reduções e catequeses.
Análise das alternativas incorretas
B (errada) — afirma que a adaptação dos europeus aos trópicos e a adoção de costumes indígenas foi estimulada pela Coroa e pela Igreja. Na realidade, adaptações práticas ocorreram informalmente entre colonos, mas não eram incentivadas institucionalmente; a Igreja e a Coroa pressionavam pela cristianização e normatização cultural.
C (errada) — diz que colonizadores e missionários compreendiam os costumes indígenas de forma idealizada e tolerante. Contraponto: predominou avaliação crítica e negativa; a tolerância era rara e condicional.
D (errada) — mistura um fato (houveram relações interculturais e miscigenação) com a ideia de que os primeiros anos foram marcados por tolerância cultural ampla. A miscigenação social não anulou a política de dominação cultural e ações para suprimir práticas indígenas.
E (errada) — sugere maior respeito na metrópole; porém as estruturas ideológicas e legais (Padroado, Inquisição em exemplos ibéricos) e as práticas intelectuais metropolitanas legitimavam a conversão e a hierarquização cultural, não um respeito efetivo à pluralidade.
Estratégia de prova: destaque palavras-chave do enunciado (ex.: "domínio ideológico", "convencimento", "superioridade") e elimine alternativas que minimizem a ação doutrinária ou invertam quem estimulava/repudiava práticas indígenas.
Fontes sugeridas: Mário Maestri, Os senhores do litoral; relatos jesuíticos; obras introdutórias sobre o Brasil colonial.
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