A primeira vez que se mencionou o
açúcar e a intenção de implantar uma produção desse gênero no Brasil foi em 1516,
quando o rei D. Manuel ordenou que se
distribuíssem machados, enxadas e demais ferramentas às pessoas que fossem
povoar o Brasil e que se procurasse um
homem prático e capaz de ali dar princípio a um engenho de açúcar.
Os primeiros engenhos começaram a
funcionar em Pernambuco no ano de 1535,
sob a direção de Duarte Coelho. A partir
daí os registros não parariam de crescer:
quatro estabelecimentos em 1550; trinta
em 1570, e 140 no fim do século XVI. A
produção de cana alastrava-se não só numericamente como espacialmente, chegando à Paraíba, ao Rio Grande do Norte,
à Bahia e até mesmo ao Pará. Mas foi em
Pernambuco e na Bahia, sobretudo na região do recôncavo baiano, que a economia açucareira de fato prosperou. Tiveram
início, então, os anos dourados do Brasil da
cana, a produção alcançando 350 mil arrobas no final do século XVI.
(Lilia M. Schwarcz. Brasil: uma Biografia)
A partir do texto e considerando a economia açucareira e a civilização do açúcar, é
correto assinalar:
Gabarito comentado
Resposta correta: C
Tema central: economia açucareira colonial — organização do engenho, mercantilismo/metrópole e o papel das potências europeias (notadamente a Holanda) no comércio transatlântico do açúcar.
Resumo teórico: o modelo do engenho baseou-se em grandes propriedades rurais (latifúndio), monocultura da cana, tecnologia de produção/refino local e trabalho compulsório. O sistema colonial português funcionou segundo o pacto colonial/mercantilista: monopólio metropolitano sobre comércio e navegação. No século XVII, a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (WIC) passou a dominar parte do tráfego entre Brasil e Europa, especialmente durante a ocupação de áreas nordestinas (c.1630–1654), comercializando açúcar nos porões de seus navios.
Por que a alternativa C é correta: ela reconhece dois pontos essenciais: 1) a metrópole tentou estabelecer monopólio real (política mercantilista portuguesa); 2) apesar disso, no século XVII os holandeses assumiram papel central no tráfego e na comercialização internacional do açúcar, usando seus navios e estruturas comerciais — fator decisivo para a circulação do produto na Europa. Fontes: L. M. Schwarcz, Brasil: uma Biografia; B. Fausto, História do Brasil.
Análise das alternativas incorretas:
A (errada): afirma que a cana seria autóctone. Fato: a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) tem origem asiática e foi introduzida no Atlântico pelos europeus; não é planta nativa do Brasil.
B (errada): diz que o açúcar se desenvolveu sob livre-cambismo. Pelo contrário, Portugal adotou práticas mercantilistas e o pacto colonial restringia comércio e navegação, favorecendo o monopólio metropolitano.
D (errada): sustenta que estrangeiros só participaram da comercialização, não da produção. Na prática, holandeses atuaram intensamente no comércio e, durante ocupações, também influenciaram a produção e a logística portuária; além disso, a metrópole não controlou rigidamente todos os aspectos produtivos no terreno.
E (errada): afirma que os portugueses sempre privilegiaram o uso de nativos como mão de obra. Inicialmente houve tentativas de usar indígenas, mas a elevada mortalidade, fugas e resistências tornaram a solução predominante o tráfico de escravizados africanos — a mão de obra escrava africana foi central ao modelo açucareiro.
Dica de prova: ao ler alternativas, destaque termos-chave (ex.: "autóctone", "livre-cambismo", "monopólio", "holandeses") e relacione-os com períodos/acontecimentos concretos (ocupação holandesa 1630–1654; pacto colonial; tráfico atlântico). Pergunte-se: isso corresponde ao modelo mercantilista ou a livre comércio?
Fontes recomendadas: Schwarcz, L. M. Brasil: uma Biografia; Fausto, B. História do Brasil; estudos sobre a WIC e o açúcar (Companhia Holandesa das Índias Ocidentais).
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