Questão 4d5e3b9f-fd
Prova:ESPM 2018
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

A primeira vez que se mencionou o açúcar e a intenção de implantar uma produção desse gênero no Brasil foi em 1516, quando o rei D. Manuel ordenou que se distribuíssem machados, enxadas e demais ferramentas às pessoas que fossem povoar o Brasil e que se procurasse um homem prático e capaz de ali dar princípio a um engenho de açúcar.
Os primeiros engenhos começaram a funcionar em Pernambuco no ano de 1535, sob a direção de Duarte Coelho. A partir daí os registros não parariam de crescer: quatro estabelecimentos em 1550; trinta em 1570, e 140 no fim do século XVI. A produção de cana alastrava-se não só numericamente como espacialmente, chegando à Paraíba, ao Rio Grande do Norte, à Bahia e até mesmo ao Pará. Mas foi em Pernambuco e na Bahia, sobretudo na região do recôncavo baiano, que a economia açucareira de fato prosperou. Tiveram início, então, os anos dourados do Brasil da cana, a produção alcançando 350 mil arrobas no final do século XVI.

(Lilia M. Schwarcz. Brasil: uma Biografia)

A partir do texto e considerando a economia açucareira e a civilização do açúcar, é correto assinalar:

A
a cana de açúcar era um produto autóctone, ou seja, nativo do Brasil e gradativamente foi caindo no gosto dos portugueses e dos europeus, a partir do século XVI;
B
a produção e comercialização do açúcar ocorreram sob a influência do livre-cambismo em que se baseou o empreendimento colonial português;
C
a metrópole estabeleceu o monopólio real, porém a comercialização do açúcar passou para os porões dos navios holandeses, que acabaram por assumir parte substancial do tráfego entre Brasil e Europa;
D
os portugueses mantiveram um rigoroso monopólio sobre o processo de produção e refinação do açúcar, só permitindo a participação de estrangeiros na comercialização do produto;
E
para implantação da indústria canavieira no Brasil, o projeto colonizador luso precisava contar com mão de obra compulsória e abundante, dada a extensão do território e por isso sempre privilegiou a utilização dos nativos, cuja captura proporcionava grandes lucros para a coroa.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Resposta correta: C

Tema central: economia açucareira colonial — organização do engenho, mercantilismo/metrópole e o papel das potências europeias (notadamente a Holanda) no comércio transatlântico do açúcar.

Resumo teórico: o modelo do engenho baseou-se em grandes propriedades rurais (latifúndio), monocultura da cana, tecnologia de produção/refino local e trabalho compulsório. O sistema colonial português funcionou segundo o pacto colonial/mercantilista: monopólio metropolitano sobre comércio e navegação. No século XVII, a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (WIC) passou a dominar parte do tráfego entre Brasil e Europa, especialmente durante a ocupação de áreas nordestinas (c.1630–1654), comercializando açúcar nos porões de seus navios.

Por que a alternativa C é correta: ela reconhece dois pontos essenciais: 1) a metrópole tentou estabelecer monopólio real (política mercantilista portuguesa); 2) apesar disso, no século XVII os holandeses assumiram papel central no tráfego e na comercialização internacional do açúcar, usando seus navios e estruturas comerciais — fator decisivo para a circulação do produto na Europa. Fontes: L. M. Schwarcz, Brasil: uma Biografia; B. Fausto, História do Brasil.

Análise das alternativas incorretas:

A (errada): afirma que a cana seria autóctone. Fato: a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) tem origem asiática e foi introduzida no Atlântico pelos europeus; não é planta nativa do Brasil.

B (errada): diz que o açúcar se desenvolveu sob livre-cambismo. Pelo contrário, Portugal adotou práticas mercantilistas e o pacto colonial restringia comércio e navegação, favorecendo o monopólio metropolitano.

D (errada): sustenta que estrangeiros só participaram da comercialização, não da produção. Na prática, holandeses atuaram intensamente no comércio e, durante ocupações, também influenciaram a produção e a logística portuária; além disso, a metrópole não controlou rigidamente todos os aspectos produtivos no terreno.

E (errada): afirma que os portugueses sempre privilegiaram o uso de nativos como mão de obra. Inicialmente houve tentativas de usar indígenas, mas a elevada mortalidade, fugas e resistências tornaram a solução predominante o tráfico de escravizados africanos — a mão de obra escrava africana foi central ao modelo açucareiro.

Dica de prova: ao ler alternativas, destaque termos-chave (ex.: "autóctone", "livre-cambismo", "monopólio", "holandeses") e relacione-os com períodos/acontecimentos concretos (ocupação holandesa 1630–1654; pacto colonial; tráfico atlântico). Pergunte-se: isso corresponde ao modelo mercantilista ou a livre comércio?

Fontes recomendadas: Schwarcz, L. M. Brasil: uma Biografia; Fausto, B. História do Brasil; estudos sobre a WIC e o açúcar (Companhia Holandesa das Índias Ocidentais).

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