Seguindo a trajetória das ativistas, vemos que lutaram ao
lado dos homens no movimento popular urbano e
participaram de várias jornadas populares, como as de 9 de abril, 20 de junho e 10 de agosto de 1792, as quais
resultaram na queda da monarquia. Abraçaram a
Revolução, queriam armar-se para defender a nação dos
inimigos internos, e tomaram parte nas festas cívicas.
Algumas se alistaram no exército e foram lutar nas
fronteiras. No caso das Republicanas Revolucionárias,
durante certo tempo contaram com o apoio dos deputados
da Montanha e os ajudaram a derrubar os Girondinos.
Nessa ocasião, mereceram elogios públicos. Depois se
aliaram aos radicais e fizeram oposição aos Montanheses.
As militantes adquiriram uma visibilidade nunca imaginada
para mulheres do povo, despertando o interesse e a
inquietação de integrantes do governo acerca da questão
dos direitos civis e políticos femininos. Sua presença na
cena política foi tolerada e até incentivada no início da
Revolução Francesa, porém reprimida em outubro de
1793, e depois de forma definitiva em 1795.
(Adaptado de Tania Machado Morin, Virtuosas e perigosas: as mulheres na
Revolução Francesa. São Paulo: Alameda, 2013, p. 4-6.)
Com base no excerto e em seus conhecimentos sobre a
Revolução Francesa, assinale a alternativa correta.
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: participação das mulheres na Revolução Francesa e o impacto dessa atuação sobre o debate dos direitos políticos femininos. É preciso relacionar a atuação política real das mulheres com as respostas institucionais da Revolução.
Resumo teórico essencial: a Revolução (1789–1799) ampliou o debate sobre liberdade e igualdade (Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, 1789), mas esse discurso foi entendido principalmente para os homens. Algumas mulheres (ex.: as clubes e ativistas como Olympe de Gouges) reivindicaram direitos políticos e publicaram sua própria Declaração (1791). Apesar da visibilidade e participação ativa — marchas, clubes, até alistamento — houve repressão às organizações femininas em outubro de 1793 e, com a Constituição do Ano III (1795), a cidadania política efetiva passou a ser restrita aos homens ativos. (Fontes: Decl. dos Direitos do Homem e do Cidadão, Olympe de Gouges; historiografia sobre clubes femininos e a repressão de 1793.)
Justificativa da alternativa A: A alternativa afirma que a Revolução não garantiu o voto às mulheres, mas tornou visível e debatida sua exclusão — isso é historicamente correto. A participação feminina ganhou visibilidade e provocou temor entre revolucionários, resultando inicialmente em tolerância e, posteriormente, em proibições. Assim, a Revolução abriu o debate, porém não concedeu direitos políticos iguais às mulheres.
Análise das alternativas incorretas:
B — Incorreta. Afirmar que igualdade, liberdade e fraternidade consolidaram direitos civis e políticos das mulheres é falso. Os princípios foram aplicados de maneira desigual; direitos políticos foram majoritariamente garantidos a homens (citizens/active citizens).
C — Incorreta. Dizer que os revolucionários consideravam as tarefas femininas irrelevantes e restritas ao doméstico é uma generalização. Muitas mulheres tiveram papel público visível (clubes, manifestações, participação militar), ao passo que o que ocorreu foi uma exclusão política institucional, não ausência de contribuição.
D — Incorreta. A referência à "Declaração Universal dos Direitos Humanos" é anacrônica (foi adotada em 1948) e a Revolução Francesa não aboliu a desigualdade de gênero em todos os âmbitos; pelo contrário, institucionalmente manteve limitações para as mulheres.
Estratégia para interpretar provas semelhantes: procure palavras-chaves (garantiu, consolidou, aboliu). Termos absolutos como "consolidaram" ou "aboliu" costumam ser armadilhas quando o contexto histórico mostra avanços parciais. Verifique datas e documentos (ex.: 1789, 1791, 1793, 1795) e compare participação prática com direitos legais.
Fontes recomendadas: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789); Olympe de Gouges, Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã (1791); estudos sobre clubes femininos e repressão de 1793 (historiografia contemporânea, p.ex. Tania Machado Morin).
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