Leia o texto a seguir para responder à questão:
“A manifestação aconteceu no campo de São Cristóvão, no Rio de
Janeiro, em frente ao palácio imperial. Cerca de cinco mil pessoas,
lideradas por um militante republicano, o médico e jornalista Lopes
Trovão, reuniram-se para entregar a d. Pedro II uma petição solicitando a revogação de uma taxa de 20 réis, um vintém, sobre o transporte urbano, ou seja, bondes puxados a burro. O vintém era moeda
de cobre, a de menor valor da época. A polícia não permitiu que a
multidão se aproximasse do palácio. Enquanto os manifestantes se
retiravam, o imperador mandou dizer que receberia uma comissão
para negociar.
Mas Lopes Trovão e outros militantes republicanos, buscando tirar o máximo proveito político da ação da polícia, recusaram o encontro. Divulgaram um manifesto dirigido ao soberano, convocando-o a ir ao encontro do povo. A Gazeta da Noite de Lopes Trovão
e panfletos distribuídos pela cidade passaram a pregar o boicote da
taxa e a incitar a população a reagir com violência, arrancando os
trilhos dos bondes. Outra manifestação foi convocada para o dia 1º
de janeiro, data da entrada em vigor da taxa, agora no centro da cidade, no Largo do Paço, hoje Praça 15 de Novembro”.
(Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/
capa/a-guerra-do-vintem Acesso em 31/08/2013)
Sobre o período da História do Brasil deduzido do texto, é verdadeiro o que se afirma na alternativa:
Gabarito comentado
Gabarito: E
1. Tema central e relevância: O texto trata de uma mobilização urbana no final do Império apontando a atuação de republicanos (Lopes Trovão), reação policial e apelos ao boicote. É relevante porque conecta protestos sociais a uma disputa política maior — a crise de legitimação do regime monárquico.
2. Síntese teórica (clara e progressiva): No Brasil imperial tardio houve crescente tensão entre elites liberais, setores urbanos (profissionais, imprensa, operariado) e o Estado monárquico. Movimentos como a chamada "Guerra do Vintém" expressam tanto queixas econômicas imediatas (taxa sobre transporte) quanto projetos políticos (repúblicas, imprensa crítica). Fontes e estudos sobre o tema: artigos da Revista de História (citado no enunciado) e obras de historiadores como Boris Fausto que tratam das contradições do Império.
3. Por que a alternativa E é a correta: A presença explícita de militantes republicanos, de jornalismo oposicionista (Gazeta da Noite) e de ação concertada contra medidas do governo evidencia que o Império enfrentava contradições políticas e sociais. O protesto não é apenas econômico: serve como palco para propaganda republicana e contestação da autoridade imperial — mostrando fragilidade e oposição ao regime.
4. Análise das alternativas incorretas:
A — Incorreta. O próprio texto narra conflito político-ideológico: republicanos versus monarquia/polícia.
B — Incorreta. A mobilização, o boicote e o arrancar trilhos mostram ação coletiva, não passividade.
C — Incorreta. Há claro indício de oposição à monarquia: militância republicana, troca de manifestos e recusa ao encontro com o imperador.
D — Incorreta. A polícia impediu a aproximação ao palácio; não houve apoio incondicional à população.
5. Estratégia para resolver provas semelhantes: Busque no enunciado os atores (quem mobiliza?), os meios (jornal, panfletos, boicote) e a resposta do Estado (polícia, negociações). Palavras-chave como "republicano", "incitar", "boicote" indicam carga política além da queixa econômica — cuidado com alternativas que generalizam ou negam conflitos visíveis.
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