Leia as informações:

(Fonte: Jânio Quadros condecora “Che” Guevara em Brasília, em. 19 de agosto de 1961. Imagem disponível em: http://museuvirtualcheguevara.blogspot.com.br/2012/ 09/che-e-condecorado-em-brasilia-brasil.html. Acesso em: 19 ago. 2013, às 10h00.)

Jânio estivera em Cuba em março de 1960, expressando de forma cifrada uma vaga simpatia pelo regime de Fidel Castro. Como presidente, provocou a fúria dos conservadores ao condecorar o companheiro de Fidel, Che Guevara, com a Ordem do Cruzeiro do Sul. Não havia neste gesto qualquer intenção de demonstrar apoio ao comunismo. Ele simbolizava para o grande público a política externa independente que Jânio começara a pôr em prática.
(Fonte: FAUSTO, Boris. História do Brasil. SP: Edusp, 2012, p. 374.)

O princípio fundamental da política externa independente, adotada pelo presidente Jânio Quadros, pode ser encontrado na seguinte alternativa:

A busca por uma terceira via, no contexto da Guerra Fria, desvinculando o país do apoio a apenas um dos dois blocos em conflito.

A tentativa de libertação do Brasil do domínio político dos Estados Unidos levou o presidente a aderir ao bloco soviético.

Os efeitos positivos da Revolução Cubana estimularam Jânio a adotar medidas semelhantes no Brasil, mantendo relações com os Estados Unidos.

Jânio Quadros procurava obter apoio financeiro de Cuba, sem deixar de lado as relações comerciais com os Estados Unidos.

A crise do capitalismo, a partir de 1960, levou Jânio a uma aproximação com o socialismo, para garantir recursos econômicos para o Brasil.

Gabarito comentado

Pedro VandréMonitor do Qconcursos

Sobre a política externa independente de Jânio Quadros, vamos selecionar a alternativa correta:

A) Correta – A política externa independente de Jânio Quadros procurava se desvincular da lógica bipolar da Guerra Fria, caracterizada pela disputa entre Estados Unidos e União Soviética. Ao buscar uma "terceira via", o Brasil pretendia manter relações diplomáticas e comerciais com ambos os blocos, sem se alinhar exclusivamente a um deles. Isso foi simbolizado, por exemplo, na aproximação com países do bloco socialista, como Cuba, sem romper relações com os Estados Unidos. O condecorar Che Guevara era um gesto simbólico dessa postura diplomática, sem, no entanto, indicar uma adesão ao comunismo.

B) Incorreta – Jânio não aderiu ao bloco soviético. Ele buscou uma política de não alinhamento, que não significava a adesão a um dos lados da Guerra Fria, mas sim a possibilidade de dialogar com ambos os blocos para promover os interesses nacionais de forma mais independente.

C) Incorreta – Não há evidências de que Jânio Quadros quisesse adotar medidas semelhantes às da Revolução Cubana no Brasil. O condecorar Che Guevara foi um gesto diplomático, não uma indicação de que ele pretendia seguir o caminho da revolução socialista. Além disso, sua política de aproximação com Cuba não se traduzia em imitação do regime cubano.

D) Incorreta – Não há registros de que Jânio buscasse apoio financeiro de Cuba. A relação com Cuba fazia parte de sua política externa de aproximação com diversos países, mas isso não envolvia questões financeiras dessa natureza. Além disso, manter relações comerciais com os EUA era parte da estratégia de manter uma postura equilibrada.

E) Incorreta – Jânio Quadros não se aproximou do socialismo como resposta a uma suposta "crise do capitalismo". Sua política externa independente não significava uma adesão ideológica ao socialismo, mas uma tentativa de ter uma diplomacia flexível e pragmática.

Gabarito – Letra A

Referência:

Manzur, Tânia Maria PG. "A política externa independente (PEI): antecedentes, apogeu e declínio." Lua Nova: Revista de Cultura e Política (2014): 169-199.