Leia atentamente as informações abaixo:
A conclamação feita por Urbano II, em 27 de novembro de 1095 em
Clermont, encontrou eco formidável, e uma massa eclética e entusiasta [...] se pôs a caminho na primavera de 1096 sem esperar os barões, senhores e cavaleiros a quem o papa se dirigia prioritariamente.
Foi essa resposta à conclamação do papa que conferiu, assim como
suas palavras, características peculiares à cruzada: uma peregrinação
armada com vistas à libertação do túmulo de Cristo, o que permaneceria no cerne da ideia de cruzada.
(Fonte: DEMURGER, Alain. Os cavaleiros de Cristo. RJ: Zahar, 2002, p. 25-26.)
O caráter religioso do movimento das cruzadas, caracterizado pela
necessidade da reconquista de Jerusalém, dominada pelos muçulmanos, foi acompanhado por questões econômicas, políticas e sociais. Outras causas para o movimento podem ser encontradas na
seguinte alternativa:
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa C
Tema central: causas das Cruzadas — movimento religioso com forte conteúdo político, social e econômico do século XI/XII. Para resolver a questão é preciso distinguir motivos religiosos (libertação de Jerusalém, papel do papa) de causas estruturais na Europa (pressão demográfica, falta de herança para filhos menores, busca de fortuna e manutenção de privilégios da nobreza).
Resumo teórico: A chamada de Urbano II (1095) teve eco religioso, mas atraiu também jovens nobres, cavaleiros sem herança e plebeus. Fatores relevantes: crescimento populacional e pressão sobre a terra; primogenitura — filhos não-herdeiros buscavam destinos; a nobreza via nas expedições oportunidade para manter prestígio e obter terras/riquezas; a Igreja canalizou a violência feudal e reforçou sua liderança através da ideologia da peregrinação armada. (Ver: Demurger; Riley‑Smith; Asbridge.)
Por que a alternativa C está correta?
Ela reúne elementos centrais e cronologicamente coerentes: 1) a ideia de "redução do excedente populacional" traduz, de forma simplificada, a pressão demográfica e a procura de saídas para filhos sem herança; 2) o "desejo da nobreza de preservar seu poder" aponta para a busca de novas fontes de prestígio e recursos diante das transformações socioeconômicas (crescimento do comércio e das cidades). Esses fatores são clássicos na interpretação das motivações não‑religiosas das Cruzadas.
Análise das alternativas incorretas
A — mistura correta (procura de atividade para excedente) com imprecisão: afirmar que reis tentavam fortalecer a nobreza ameaçada pela burguesia é simplista; muitos reis viam nas Cruzadas vantagens diversas, mas não foi a motivação principal generalizada para promover a nobreza.
B — incorreta e anacrônica: fala em "declínio da produção" e em "Reforma Protestante" (séculos depois). Não há crise feudal do tipo descrito no início das Cruzadas que justifique essa formulação.
D — errada: sugere que nobres queriam enfraquecer o papa e que o protestantismo ameaçava o catolicismo — também anacronismo (Protestantismo surge no século XVI). As Cruzadas reforçaram em muitos momentos a autoridade papal.
E — parcialmente verdadeira sobre alianças, mas imprecisa: a questão apresenta a aliança igreja‑nobreza como resposta direta ao crescimento real e burguês; contudo, as motivações para as Cruzadas incluem autonomia papal e interesses nobiliárquicos específicos, não apenas uma “concretização” de aliança contra reis e burguesia.
Estratégia de prova: procure anacronismos (ex.: Reforma Protestante), identifique se a alternativa combina fatores religiosos e socioeconômicos coerentes com o século XI/XII e prefira a opção que reúne causas múltiplas e cronologicamente corretas.
Fontes recomendadas: Alain Demurger, Os cavaleiros de Cristo; Jonathan Riley‑Smith, The First Crusade and the Idea of Crusading; Thomas Asbridge, The Crusades.
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