Questão 487bf75b-88
Prova:ENEM 2011
Disciplina:História
Assunto:República Oligárquica - 1889 a 1930, História do Brasil

Completamente analfabeto, ou quase, sem assistência médica, não lendo jornais, nem revistas, nas quais se limita a ver as figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão na conta de benfeitor. No plano político, ele luta com o “coronel” e pelo “coronel” . Aí estão os votos de cabresto, que resultam, em grande parte, da nossa organização econômica rural.
LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa-Ômega, 1978 (adaptado).

O coronelismo, fenômeno político da Primeira República (1889-1930), tinha como uma de suas principais características o controle do voto, o que limitava, portanto, o exercício da cidadania. Nesse período, esta prática estava vinculada a uma estrutura social

A
igualitária, com um nível satisfatório de distribuição da renda.
B
estagnada, com uma relativa harmonia entre as classes.
C
tradicional, com a manutenção da escravidão nos engenhos como forma produtiva típica.
D
ditatorial, perturbada por um constante clima de opressão mantido pelo exército e polícia.
E
agrária, marcada pela concentração da terra e do poder político local e regional.

Gabarito comentado

Eulália FerreiraEx-Coordenadora de História do Colégio Pedro II (RJ), Mestra em Relações Internacionais (PUC-Rio) e Profª com o título "Notório Saber" pelo Colégio Pedro II (RJ)
A compreensão desta questão demanda o estudo do período da história política do Brasil tradicionalmente conhecido como República Velha. No entanto, o enunciado está claro e a pergunta não é difícil.
1- A opção A pode ser facilmente  rejeitada ao designar a sociedade brasileira como “ igualitária”. O texto da entrada da questão já  aponta para o lado oposto : “completamente analfabeto, ou quase, sem assistencia medica, nao lendo jornais, nem revistas, nas quais se limita a ver as figuras, o trabalhador rural, a nao ser em casos esporadicos, tem o patrao na conta de benfeitor”
2- A opção B pode induzir a uma resposta incorreta. A leitura atenta permite perceber que podemos considerar a sociedade brasileira estagnada, por apresentar poucas transformações em sua estrutura fundamental, desde a época colonial mas, não com “harmonia” entre as classes. É importante não confundir “harmonia” com “dependência”, tampouco ignorar os conflitos que existiram em todo o processo histórico brasileiro e que, por muito tempo, foram convenientemente ignorados pela historiografia tradicional. A idéia de que o brasileiro é um povo pacífico e que sua  história não apresenta conflitos, revoltas e revoluções é tão somente um mito.
3- A opção C apresenta corretamente a análise da estrutura social brasileira como tradicional mas, a escravidão havia sido abolida por lei em 1888, ainda no período monárquico ! Além disso, as fazendas de café são as propriedades mais produtivas nesse período e não os engenhos de açúcar do Nordeste. Isso não quer dizer que o Brasil só produzisse café ou que não exportasse outros produtos como açúcar, tabaco, cacau e chá-mate. Apenas o café era o produto que respondia por mais de 60% da pauta de exportação. Por conta da dependência dos trabalhadores rurais em relação ao proprietário da terra a confusão com escravidão é comum. É preciso leitura atenta.
4- A opção  D apresenta o erro de classificar a república velha como ditatorial. Ela pode ser autoritária mas não é uma ditadura. Os conceitos NÂO são sinônimos. O estatuto jurídico- político é diferente. Para maiores esclarecimentos vale a consulta dos verbetes correspondentes no Dicionário de Política, organizado por Norberto Bobbio e editado em português pela Universidade de Brasília.
5- A opção E é a correta por destacar os elementos fundamentais da estrutura da formação social brasileira na época: economia de base agrária, concentração da terra em poucas mãos ( latifúndios ) e toda a base da ação política nos municípios e estados onde atuavam os coronéis.

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