Não há dúvida de que os republicanos de São Paulo e
do Rio de Janeiro representavam preocupações totalmente
distintas. Enquanto os republicanos da capital, ou melhor, os
que assinaram o Manifesto de 1870, refletiam as preocupa-
ções de intelectuais e profissionais liberais urbanos, os paulistas
refletiam preocupações de setores cafeicultores de sua
província. [...] A principal preocupação dos paulistas não era
o governo representativo ou direitos individuais, mas simplesmente
a federação, isto é, a autonomia estadual.
(José Murilo de Carvalho. A construção da ordem, 1980.)
As diferenças entre os republicanos de São Paulo e do Rio de
Janeiro, nas décadas de 1870 e 1880, podem ser explicadas,
entre outros fatores,
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A
Tema central: trata-se das diferenças entre os republicanos de São Paulo e do Rio de Janeiro nas décadas de 1870–1880 — tema recorrente em provas que avaliam a relação entre base econômica, interesses regionais e propostas políticas no Brasil imperial tardio.
Resumo teórico e contexto: grupos sociais moldavam projetos políticos. Em São Paulo, a classe cafeeira defendia autonomia estadual para proteger seus interesses econômicos (controle sobre impostos, políticas de crédito, e destino da renda da exportação). No Rio, os republicanos eram em grande parte intelectuais e profissionais liberais urbanos preocupados com princípios políticos (representatividade, direitos individuais). Fontes: José Murilo de Carvalho, A construção da ordem; Manifesto Republicano (1870).
Por que a alternativa A é correta: ela identifica com precisão o motivo central das divergências paulistas: a defesa de reduzir a interferência do governo central sobre assuntos econômicos provinciais e de manter localmente os recursos gerados pela exportação de café. Essa explicação alinha-se à interpretação clássica da historiografia sobre a influência da base econômica (oligarquia cafeeira) nas preferências por federalismo.
Análise das alternativas incorretas:
B — exagera: os intelectuais da capital buscavam reformas liberais, não necessariamente “assumir o controle pleno” para eliminar São Paulo; fala em disputa direta de hegemonia econômica que simplifica demais a situação.
C — parcialmente verdadeira (havia defesa pragmática de interesses regionais), mas errada ao afirmar a "ausência de projetos políticos nacionais comuns": havia debates sobre projeto nacional; a distinção principal foi mesmo a prioridade distinta (autonomia vs. liberdades políticas), não uma completa falta de projeto comum.
D — contradiz a evidência: os paulistas não buscavam reduzir disparidades regionais nem priorizar um projeto nacional de desenvolvimento; defendiam autonomia para proteger seus ganhos locais.
E — desloca a explicação para influência de teóricos europeus no RJ; a questão é de composição social e interesses econômicos regionais, não da presença física de teóricos estrangeiros.
Dica de prova: identifique palavras-chave do enunciado (ex.: “principal preocupação”, “autonomia estadual”) e relacione ao apoio social/econômico (cafeicultores → federalismo). Questões desse tipo costumam pedir o vínculo entre base econômica e projeto político.
Principais referências: José Murilo de Carvalho, A construção da ordem; Boris Fausto, História do Brasil; Manifesto Republicano (1870).
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