Questão 45193c12-3c
Prova:UNESP 2015
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

Quanto à relação do engenho colonial com as áreas externas a ele, o texto

A casa-grande, residência do senhor de engenho, é uma vasta e sólida mansão térrea ou em sobrado; distingue-se pelo seu estilo arquitetônico sóbrio, mas imponente, que ainda hoje empresta majestade à paisagem rural, nas velhas fazendas de açúcar que a preservaram. Constituía o centro de irradiação de toda a atividade econômica e social da propriedade. A casa-grande completava-se com a capela, onde se realizavam os ofícios e as cerimônias religiosas [...]. Pró- ximo se erguia a senzala, habitação dos escravos, os quais, nos grandes engenhos, podiam alcançar algumas centenas de “peças”. Pouco além serpenteava o rio, traçando através da floresta uma via de comunicação vital. O rio e o mar se mantiveram, no período colonial, como elementos constantes de preferência para a escolha da situação da grande lavoura. Ambos constituíam as artérias vivificantes: por meio delas o engenho fazia escoar suas safras de açúcar e, por elas, singravam os barcos que conduziam as toras de madeira abatidas na floresta, que alimentavam as fornalhas do engenho, ou a variedade e a multiplicidade de gêneros e artigos manufaturados que o engenho adquiria alhures [...].
(Alice Canabrava apud Déa Ribeiro Fenelon (org.). 50 textos de história do Brasil,1986.)

A
revela o papel decisivo que a Igreja Católica desempenhou no impedimento da escravização das populações indígenas.
B
defende a ideia de que a colonização portuguesa no Brasil, no lugar de explorar as riquezas naturais, privilegiou a ocupação do território.
C
caracteriza sua preocupação ambiental, demonstrando o respeito dos administradores às matas e aos rios que compunham a paisagem rural.
D
identifica articulações entre as atividades internas e a dinâmica de circulação de mercadorias dentro e fora dos limites da colônia.
E
sustenta sua autonomia e autossuficiência, mostrando-o como desvinculado do restante da empresa colonial.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Resposta correta: D

Tema central: a questão trata da organização do engenho açucareiro colonial e sua relação com o espaço externo — isto é, como a produção interna se conecta com rotas de circulação (rios, mar) e com a entrada/saida de mercadorias.

Resumo teórico: O engenho não era uma unidade isolada; funcionava como uma microeconomia integrada a redes de circulação que ligavam a fazenda ao porto e aos mercados externos. Rios e o litoral eram as "artérias" que permitiam o escoamento do açúcar e o abastecimento de insumos e produtos manufaturados (ver Alice Canabrava; Caio Prado Júnior, Formação do Brasil Contemporâneo).

Por que a alternativa D é correta: o texto descreve explicitamente que "o rio e o mar... constituíam as artérias vivificantes" e que, por meio delas, o engenho fazia escoar suas safras e recebia mercadorias. Isso evidencia articulações entre atividades internas (produção, trabalho, estrutura do engenho) e a dinâmica de circulação dentro e fora da colônia — exatamente o que a alternativa D afirma.

Análise das alternativas incorretas:

  • A (Igreja impediu a escravização indígena): o texto apenas menciona a capela e cerimônias religiosas; não afirma que a Igreja barrou a escravização dos indígenas. Além disso, historicamente, a atuação da Igreja foi ambígua e não decisiva nesse sentido (não se deduz do excerto).
  • B (colonização privilegiou ocupação em vez de exploração): o trecho enfatiza exploração econômica (produção de açúcar, uso de madeira, compra de manufaturas) — logo, mostra exploração e integração mercantil, não primazia da mera ocupação territorial.
  • C (preocupação ambiental): a descrição de florestas, rios e uso de toras para fornalhas aponta ao uso econômico dos recursos, não a um respeito preservacionista dos administradores.
  • E (autonomia/autossuficiência do engenho): o texto evidencia dependência do engenho de vias de transporte e de mercadorias externas ("adquiria alhures"), contrariando qualquer ideia de isolamento ou autossuficiência.

Estratégia de resolução: identifique palavras-chaves que ligam causas e efeitos ("por meio delas", "escoar", "adquiria alhures"). Use eliminação: descarte alternativas que extrapolam o que o texto afirma ou que contradizem elementos explícitos.

Fontes sugeridas: Alice Canabrava (textos sobre engenho e sociedade colonial); Caio Prado Júnior, Formação do Brasil Contemporâneo (1942) — para economia açucareira e integração colonial.

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