O encontro de Rodolfo
Cavalcante com Lampião
(Trecho de Cordel)
Foi Virgulino Ferreira
Pobre homem injustiçado
E por isto vingativo
Se tornou um acelerado,
Se a justiça fosse reta
Nem jornalista ou poeta,
O teria decantado.
(...)
Embora seja criança
Com meus 15 anos de idade
Pude ver em Lampião
Vítima da sociedade.
Talvez ele em outro meio
(Posso dizer sem receio)
Era útil à humanidade ! (...)
CAVALCANTE, Rodolfo Coelho. O encontro de Rodolfo Cavalcante
com Lampião Virgulino. Salvador: [s.n.], 1973. In: CATELLI Jr,
Roberto. História: texto e contexto. São Paulo:Scipione, 2006. p. 499.
Para o autor do Cordel Lampião é uma “vítima da sociedade”. Dentro desta perspectiva histórica, o cangaço é um fenômeno social resultante
Cavalcante com Lampião
(Trecho de Cordel)
Foi Virgulino Ferreira
Pobre homem injustiçado
E por isto vingativo
Se tornou um acelerado,
Se a justiça fosse reta
Nem jornalista ou poeta,
O teria decantado.
(...)
Embora seja criança
Com meus 15 anos de idade
Pude ver em Lampião
Vítima da sociedade.
Talvez ele em outro meio
(Posso dizer sem receio)
Era útil à humanidade ! (...)
CAVALCANTE, Rodolfo Coelho. O encontro de Rodolfo Cavalcante
com Lampião Virgulino. Salvador: [s.n.], 1973. In: CATELLI Jr,
Roberto. História: texto e contexto. São Paulo:Scipione, 2006. p. 499.
Para o autor do Cordel Lampião é uma “vítima da sociedade”. Dentro desta perspectiva histórica, o cangaço é um fenômeno social resultante
Gabarito comentado
Resposta correta: D
Tema central: O enunciado aborda o cangaço como fenômeno social. A palavra-chave do cordel — “vítima da sociedade” — indica interpretação que busca causas estruturais (pobreza, exclusão, ausência do Estado), não explicações centradas apenas em elites ou disputas locais.
Resumo teórico breve: O cangaço (final do século XIX e início do XX, sobretudo no Nordeste) é frequentemente entendido como resultado da combinação de seca, miséria, concentração fundiária, violência rural (coronelismo/jagunçagem) e fraca presença estatal. Autores como Eric Hobsbawm (banditry as social protest), Billy Jaynes Chandler (biografias de Lampião) e historiadores brasileiros (por exemplo, Flávio dos Santos Gomes) destacam a dimensão social e econômica na origem dos cangaceiros.
Justificativa da alternativa D: A alternativa D afirma que o cangaço decorre das poucas oportunidades oferecidas aos sertanejos num contexto de exploração oligárquica, miséria e fome. Isso coincide diretamente com a visão do cordel (Lampião como vítima) e com a interpretação historiográfica dominante: muitos cangaceiros eram jovens pobres que reagiam à exclusão social e à violência institucionalizada. Logo, D é a mais adequada.
Análise das alternativas incorretas:
A — Aponta alianças entre jagunços e coronéis para perpetuar oligarquia. Embora exista relação entre jagunçagem e coronelismo, isso descreve mais a violência patronal e milícias locais; não explica a origem social dos cangaceiros como grupo marginalizado. Portanto, é insuficiente.
B — Afirma que coronéis incentivavam cangaceiros para se fortalecerem. Em alguns casos houve conivência ou uso político, mas isso é uma consequência pontual, não a causa principal do fenômeno social que levou indivíduos à vida de cangaço.
C — Reduz o cangaço a conflitos familiares entre elites. Embora vinganças familiares tenham motivado episódios, a maioria dos cangaceiros não vinha das famílias poderosas; eram em geral excluídos sociais.
E — Trata-se de disputas entre jovens sertanejos por domínio regional. Isso descreve banditismo local ou tumultos, não o fenômeno amplo, longevo e vinculado à estrutura socioeconômica que caracteriza o cangaço.
Dicas para resolver: procure palavras do enunciado que indiquem enfoque (ex.: “vítima da sociedade” → olhar estrutural). Elimine alternativas que deslocam a causa para interesses de elites ou disputas pontuais.
Fontes sugeridas: Eric Hobsbawm, Bandits (1969); Billy Jaynes Chandler, estudos sobre Lampião; Flávio dos Santos Gomes, trabalhos sobre cangaço.
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