Eles não tinham deixado a Inglaterra para escapar a toda forma de governo, mas
para trocar o que acreditavam ser um mau governo por um bom, ou seja,
formado livremente por eles mesmos. Tanto no plano político como no religioso,
acreditavam que o indivíduo só poderia se desenvolver em liberdade. Entretanto,
convencidos de que a liberdade consiste em dar ao homem a oportunidade de
obedecer aos desígnios divinos, ela apenas permitia ao indivíduo escolher o
Estado que deveria governá-lo e a Igreja na qual ele iria louvar a Deus. [...]
CRÉTÉ, Liliane. As raízes puritanas. Disponível em:
Acesso em: 28 de
janeiro de 2016 (Adaptado)
.
A historiografia sobre a colonização da América costuma realçar as peculiaridades da
colonização britânica nas colônias do Norte. As diferenças, entretanto, em relação às
colonizações portuguesa e inglesa não são absolutas, pois
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa D
Tema central: comparação entre os modelos coloniais inglês (colónias do Norte da América) e português (América Portuguesa). A questão exige identificar semelhanças e diferenças, sobretudo no papel da religião e na lógica política-econômica da colonização.
Resumo teórico: Ambos os impérios atuaram dentro do quadro do mercantilismo europeu, mas com práticas distintas. A presença religiosa foi marcante em ambos: os puritanos ingleses buscaram fundar comunidades com sentido religioso (liberdade para praticar sua fé), enquanto o Estado português, em parceria com ordens missionárias (jesuítas, franciscanos), promoveu a evangelização indígena como elemento central da colonização. Já a administração variou: a Coroa portuguesa tentou maior centralização (Conselho Ultramarino, Casas da Índia, capitânias/heranças), ao passo que as colônias inglesas apresentaram forte autonomia local e modelos diversos (colônias proprietárias, coloniais e reais).
Justificativa da alternativa D: A afirmação de que “o sentido de missão religiosa estava presente nas duas modalidades” é correta. Em ambos os casos havia projetores religiosos — puritanos buscando refazer a igreja e sociedade segundo suas convicções; portugueses financiando e autorizando missões católicas para converter e doutrinar populações indígenas. O texto de apoio (Liliane Crété) reforça o papel puritano; obras como Charles R. Boxer (sobre o império português) e estudos sobre a América inglesa (por exemplo, Alan Taylor) confirmam a centralidade religiosa em ambos os processos.
Análise das alternativas incorretas:
A — “ambos predominantemente mercantis…”: Parcialmente verdadeira quanto à lógica mercantil, mas incorreta ao afirmar que a agricultura de subsistência era mais presente somente na colonização portuguesa como traço distintivo absoluto. Nas colônias inglesas do Norte havia agricultura familiar de subsistência; a economia variava por região.
B — “colonos marcados por disputas… portugueses aliados preferenciais da França”: Errado. Portugal teve alianças dinásticas e políticas variadas, mas historicamente sua aliança tradicional foi com a Inglaterra (Tratado de Windsor, 1386). A afirmação de aliança preferencial com a França é enganosa.
C — “administração formalmente descentralizada em ambas”: Incorreto. Embora houvesse autonomia prática em muitas áreas, especialmente nas colônias inglesas, a administração portuguesa tendia a maior centralização administrativa e burocrática pela Coroa.
Dica de prova: Procure no enunciado termos absolutos e generalizações; compare instituições (Conselho Ultramarino vs. assembléias/companhias inglesas) e destaque quando a palavra “presente” admite existência em ambos (indicando semelhança) sem negar diferenças estruturais.
Fontes sugeridas: Liliane Crété (texto de apoio); Charles R. Boxer, história do império português; Alan Taylor, American Colonies; Boris Fausto, História do Brasil.
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