Questão 411abbe7-b2
Prova:UFU-MG 2016
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Imperialismo e Colonialismo do século XIX

Eles não tinham deixado a Inglaterra para escapar a toda forma de governo, mas para trocar o que acreditavam ser um mau governo por um bom, ou seja, formado livremente por eles mesmos. Tanto no plano político como no religioso, acreditavam que o indivíduo só poderia se desenvolver em liberdade. Entretanto, convencidos de que a liberdade consiste em dar ao homem a oportunidade de obedecer aos desígnios divinos, ela apenas permitia ao indivíduo escolher o Estado que deveria governá-lo e a Igreja na qual ele iria louvar a Deus. [...]
CRÉTÉ, Liliane. As raízes puritanas. Disponível em: Acesso em: 28 de janeiro de 2016 (Adaptado)

. A historiografia sobre a colonização da América costuma realçar as peculiaridades da colonização britânica nas colônias do Norte. As diferenças, entretanto, em relação às colonizações portuguesa e inglesa não são absolutas, pois

A
ambos os modelos de colonização eram predominantemente mercantis, ainda que a agricultura de subsistência fosse mais presente na colonização portuguesa.
B
tanto os colonos ingleses quanto os portugueses eram profundamente marcados pelas disputas entre as potências europeias, sendo que os portugueses eram aliados preferenciais da França.
C
em ambas as modalidades de colonização, a administração colonial era formalmente descentralizada, havendo espaço para uma expressiva margem de autonomia dos colonos.
D
o sentido de missão religiosa estava presente nas duas modalidades de colonização, refletindo a ainda forte presença do misticismo no mundo europeu.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa D

Tema central: comparação entre os modelos coloniais inglês (colónias do Norte da América) e português (América Portuguesa). A questão exige identificar semelhanças e diferenças, sobretudo no papel da religião e na lógica política-econômica da colonização.

Resumo teórico: Ambos os impérios atuaram dentro do quadro do mercantilismo europeu, mas com práticas distintas. A presença religiosa foi marcante em ambos: os puritanos ingleses buscaram fundar comunidades com sentido religioso (liberdade para praticar sua fé), enquanto o Estado português, em parceria com ordens missionárias (jesuítas, franciscanos), promoveu a evangelização indígena como elemento central da colonização. Já a administração variou: a Coroa portuguesa tentou maior centralização (Conselho Ultramarino, Casas da Índia, capitânias/heranças), ao passo que as colônias inglesas apresentaram forte autonomia local e modelos diversos (colônias proprietárias, coloniais e reais).

Justificativa da alternativa D: A afirmação de que “o sentido de missão religiosa estava presente nas duas modalidades” é correta. Em ambos os casos havia projetores religiosos — puritanos buscando refazer a igreja e sociedade segundo suas convicções; portugueses financiando e autorizando missões católicas para converter e doutrinar populações indígenas. O texto de apoio (Liliane Crété) reforça o papel puritano; obras como Charles R. Boxer (sobre o império português) e estudos sobre a América inglesa (por exemplo, Alan Taylor) confirmam a centralidade religiosa em ambos os processos.

Análise das alternativas incorretas:

A — “ambos predominantemente mercantis…”: Parcialmente verdadeira quanto à lógica mercantil, mas incorreta ao afirmar que a agricultura de subsistência era mais presente somente na colonização portuguesa como traço distintivo absoluto. Nas colônias inglesas do Norte havia agricultura familiar de subsistência; a economia variava por região.

B — “colonos marcados por disputas… portugueses aliados preferenciais da França”: Errado. Portugal teve alianças dinásticas e políticas variadas, mas historicamente sua aliança tradicional foi com a Inglaterra (Tratado de Windsor, 1386). A afirmação de aliança preferencial com a França é enganosa.

C — “administração formalmente descentralizada em ambas”: Incorreto. Embora houvesse autonomia prática em muitas áreas, especialmente nas colônias inglesas, a administração portuguesa tendia a maior centralização administrativa e burocrática pela Coroa.

Dica de prova: Procure no enunciado termos absolutos e generalizações; compare instituições (Conselho Ultramarino vs. assembléias/companhias inglesas) e destaque quando a palavra “presente” admite existência em ambos (indicando semelhança) sem negar diferenças estruturais.

Fontes sugeridas: Liliane Crété (texto de apoio); Charles R. Boxer, história do império português; Alan Taylor, American Colonies; Boris Fausto, História do Brasil.

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