No final da década de 1970 e início da década de 1980, vários trabalhos foram
publicados abordando a temática do mercado interno. Trabalhos esses, de base
empírica, que se encarregaram de demonstrar a forte presença de relações de
troca e a sua significação para o desenvolvimento interno da colônia. Trata-se
agora de avaliar as especificidades do mercado interno brasileiro, as diversas
modalidades em cada região e a sua integração com a sociedade local.
CHAVES, Cláudia Maria das Graças. Mercadores das minas setecentistas. São Paulo: Annablume,
1999, p. 27 (Adaptado).
A historiografia recente sobre a economia do Brasil colonial tem enfatizado uma
dinâmica econômica mais diversificada, que pode ser exemplificada
Gabarito comentado
Alternativa correta: C
Tema central: a questão trata da renovação da historiografia econômica do Brasil colonial que enfatiza a existência de um mercado interno dinâmico, sustentado por mecanismos locais de acumulação e por grupos mercantis que geraram riqueza para além do comércio colonial transatlântico.
Resumo teórico rápido: estudos recentes (por exemplo, Chaves sobre os mercadores das minas; Stuart B. Schwartz; A.J.R. Russell‑Wood) mostram que, especialmente no século XVIII, surgiram redes de trocas internas, crédito regional, atividades manufatureiras e grupos mercantis locais. Essa acumulação endógena significou que parte da riqueza e do desenvolvimento econômico não dependia só das metrópoles e do mercado externo.
Por que a alternativa C está certa: ela sintetiza essa perspectiva ao afirmar a presença de mecanismos internos de acumulação e a formação de grupos mercantis que constituíram riqueza além das limitações do sistema colonial. Isso corresponde diretamente às pesquisas empíricas mencionadas no enunciado (ex.: mercadores nas regiões mineradoras que fomentaram mercados locais e crédito).
Análise das incorretas:
A — exagera ao apresentar o tráfico interno de indígenas como foco central com apoio da Igreja. Houve captura e comércio de indígenas, mas a Igreja nem sempre apoiou institucionalmente esse tráfico; e esse ponto não resume a inovação historiográfica sobre mercados internos.
B — afirma que a economia açucareira se fortaleceu ao longo de todo o século XVIII e voltada ao mercado interno. Na verdade, o açúcar declinou após o século XVII em importância relativa; além disso, o destaque historiográfico citado refere-se a múltiplas atividades e comerciantes regionais, não a uma intensificação açucareira única.
D — aponta as bandeiras financiadas essencialmente pela Igreja como motor do mercado doméstico e do desenvolvimento de novas culturas. As bandeiras foram importantes para expansão territorial, mas eram majoritariamente iniciativas laicas/privadas (paulistas, capitães), e a Igreja não foi o financiador principal nem o fator explicativo central da integração do mercado interno.
Dica de prova: procure termos-chave do enunciado como "acumulação endógena", "grupos mercantis" e "integração com a sociedade local". Eles orientam para respostas que tratem de processos internos e não apenas de tráfico, monoculturas ou financiamento eclesiástico.
Fontes de referência: Chaves, Cláudia M. G. (1999); Stuart B. Schwartz (obras sobre economia colonial); A.J.R. Russell‑Wood (sobre mercadores coloniais).
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