Questão 41178dca-b2
Prova:UFU-MG 2016
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

No final da década de 1970 e início da década de 1980, vários trabalhos foram publicados abordando a temática do mercado interno. Trabalhos esses, de base empírica, que se encarregaram de demonstrar a forte presença de relações de troca e a sua significação para o desenvolvimento interno da colônia. Trata-se agora de avaliar as especificidades do mercado interno brasileiro, as diversas modalidades em cada região e a sua integração com a sociedade local.
CHAVES, Cláudia Maria das Graças. Mercadores das minas setecentistas. São Paulo: Annablume, 1999, p. 27 (Adaptado).

A historiografia recente sobre a economia do Brasil colonial tem enfatizado uma dinâmica econômica mais diversificada, que pode ser exemplificada 

A
pela crescente presença de um tráfico interno de indígenas escravizados, com apoio da Igreja, e responsável pela formação de grupos mercantis no interior da colônia.
B
pelo fortalecimento, ao longo de todo o século XVIII, da economia açucareira que, ao contrário da economia mineradora, era muito mais voltada ao mercado interno.
C
pela presença de mecanismos de acumulação endógena de capital e pela formação de grupos mercantis que constituíram riqueza para além das barreiras impostas pelo sistema colonial.
D
pelas atividades bandeirantes de exploração do interior que, financiadas essencialmente pela Igreja, foram decisivas na ampliação do mercado doméstico a partir do desenvolvimento de novas culturas.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: C

Tema central: a questão trata da renovação da historiografia econômica do Brasil colonial que enfatiza a existência de um mercado interno dinâmico, sustentado por mecanismos locais de acumulação e por grupos mercantis que geraram riqueza para além do comércio colonial transatlântico.

Resumo teórico rápido: estudos recentes (por exemplo, Chaves sobre os mercadores das minas; Stuart B. Schwartz; A.J.R. Russell‑Wood) mostram que, especialmente no século XVIII, surgiram redes de trocas internas, crédito regional, atividades manufatureiras e grupos mercantis locais. Essa acumulação endógena significou que parte da riqueza e do desenvolvimento econômico não dependia só das metrópoles e do mercado externo.

Por que a alternativa C está certa: ela sintetiza essa perspectiva ao afirmar a presença de mecanismos internos de acumulação e a formação de grupos mercantis que constituíram riqueza além das limitações do sistema colonial. Isso corresponde diretamente às pesquisas empíricas mencionadas no enunciado (ex.: mercadores nas regiões mineradoras que fomentaram mercados locais e crédito).

Análise das incorretas:

A — exagera ao apresentar o tráfico interno de indígenas como foco central com apoio da Igreja. Houve captura e comércio de indígenas, mas a Igreja nem sempre apoiou institucionalmente esse tráfico; e esse ponto não resume a inovação historiográfica sobre mercados internos.

B — afirma que a economia açucareira se fortaleceu ao longo de todo o século XVIII e voltada ao mercado interno. Na verdade, o açúcar declinou após o século XVII em importância relativa; além disso, o destaque historiográfico citado refere-se a múltiplas atividades e comerciantes regionais, não a uma intensificação açucareira única.

D — aponta as bandeiras financiadas essencialmente pela Igreja como motor do mercado doméstico e do desenvolvimento de novas culturas. As bandeiras foram importantes para expansão territorial, mas eram majoritariamente iniciativas laicas/privadas (paulistas, capitães), e a Igreja não foi o financiador principal nem o fator explicativo central da integração do mercado interno.

Dica de prova: procure termos-chave do enunciado como "acumulação endógena", "grupos mercantis" e "integração com a sociedade local". Eles orientam para respostas que tratem de processos internos e não apenas de tráfico, monoculturas ou financiamento eclesiástico.

Fontes de referência: Chaves, Cláudia M. G. (1999); Stuart B. Schwartz (obras sobre economia colonial); A.J.R. Russell‑Wood (sobre mercadores coloniais).

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