Questão 41119630-b2
Prova:UFU-MG 2016
Disciplina:História
Assunto:Medievalidade Europeia, História Geral

Mas o objetivo da produção, mesmo com meios modestos, não era um fim abstrato como hoje, mas prazer e ócio. Esse conceito antigo e medieval de ócio não deve ser confundido com o conceito moderno de tempo livre. Isso porque o ócio não era uma parcela da vida separada do processo de atividade remunerada, antes estava presente, por assim dizer, nos poros e nos nichos da própria atividade produtiva.
KURZ, Robert.A expropriação do tempo. Folha de São Paulo, 3 jan.1999. p. 5 (Adaptado).

A noção de tempo livre assumiu uma qualidade positiva distinta daquela de ócio, em função de estar articulada a um conjunto de transformações socioeconômicas, localizadas a partir de fins da Idade Média, e que se caracterizava 

A
pelo incremento da produção agrícola para o mercado interno, responsável pelo chamado renascimento feudal do século XV.
B
pela crescente mercantilização das terras da Igreja, cada vez mais alinhada com as modernas concepções sobre o trabalho.
C
pela descentralização político-administrativa das emergentes monarquias nacionais, fator de estímulo para o crescimento da produção mercantil
D
pela aceleração das atividades urbanas e comerciais, com o crescimento da produção mercantil e das camadas burguesas da sociedade.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Gabarito: Alternativa D

Tema central: a transformação da noção de ócio medieval para o conceito moderno de tempo livre, ligada a mudanças socioeconômicas iniciadas a partir do fim da Idade Média — especialmente o crescimento urbano, comercial e das camadas burguesas.

Resumo teórico: No mundo antigo/medieval o "ócio" (otium) era uma dimensão integrada à vida produtiva e social — não um tempo separado. A distinção entre trabalho remunerado e tempo livre surge gradualmente com a mercantilização, o crescimento das cidades e a expansão de trocas e mercados, processos que criam ritmos e formas de trabalho mais regulares e uma separação entre esfera produtiva e esfera de lazer (ver Fernand Braudel; análises contemporâneas como Robert Kurz).

Por que a alternativa D está correta: D relaciona diretamente a mudança à aceleração das atividades urbanas e comerciais, ao aumento da produção mercantil e ao fortalecimento das camadas burguesas — fatores centrais para a emergência do tempo livre entendido como separado do trabalho. Essa resposta capta a dinâmica econômica e social que cria formas específicas de trabalho assalariado/mercantil e tempo não-ocupado.

Análise das incorretas:

A — fala em "incremento da produção agrícola para o mercado interno" e num suposto "renascimento feudal": mistura conceitos imprecisos e não explica a centralidade urbana/mercantil; o impulso decisivo foi urbano e comercial, não um renascimento feudal.

B — a "mercantilização das terras da Igreja" foi pontual e secundária; não é a explicação sistêmica para a emergência do tempo livre nem corresponde à mudança cultural proposta.

C — afirma "descentralização das monarquias nacionais": historicamente as monarquias tendiam à centralização; além disso, a chave é a expansão mercantil e urbana, não uma descentralização administrativa.

Dica de interpretação: em enunciados históricos procure palavras-chave temporais ("a partir de fins da Idade Média") e sociais ("burguesia", "produção mercantil", "atividades urbanas"). Relacione causa (transformação econômica/urbana) a efeito (mudança no conceito de tempo e trabalho). Desconfie de alternativas que usem termos anacrônicos ou soluções isoladas.

Fontes sugeridas: Fernand Braudel, Civilization and Capitalism; textos de Robert Kurz sobre tempo e trabalho; sínteses de História Econômica sobre urbanização medieval.

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