O desenvolvimento tecnológico agora dependia de matérias-primas que, devido ao clima ou ao acaso geológico, seriam encontradas exclusiva ou profusamente em lugares remotos. O motor de combustão interna, criação típica do período que nos ocupa, dependia do petróleo e da borracha. O petróleo ainda vinha predominantemente dos EUA e da Europa (Rússia e, muito atrás, da Romênia) mas os campos petrolíferos do Oriente Médio já eram objeto de intenso confronto e conchavo diplomático. A borracha era um produto exclusivamente tropical, extraída com uma exploração atroz de nativos nas florestas equatoriais do Congo e da Amazônia.[...] A Malaia cada vez mais significava borracha e estanho; o Brasil, café; o Chile, nitratos; o Uruguai, carne; Cuba, açúcar e charutos.

(HOBSBAWM, Eric J. A era dos impérios. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006.)

Sobre a expansão imperial do século XIX referida no texto, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) Contribuiu para que as potências européias diminuíssem suas rivalidades econômicas, políticas e militares, em razão das ações conjuntas desenvolvidas para promover a exploração colonial, especialmente na África.

( ) Ao expandir-se à procura de petróleo, borracha, açúcar, café, ouro, diamantes na América, no Oriente, na África e na Ásia, as potências imperiais contaram com a ação de missionários cristãos que empreenderam com sucesso a conversão de todos os pagãos e infiéis.

( ) Pautou-se pela exploração de colônias como complementares à economia metropolitana e como áreas de domínio político direto e indireto.

( ) Implementou o novo colonialismo como um subproduto de uma era de rivalidade econômico-política entre as economias nacionais, intensificada pelo protecionismo.

Assinale a seqüência correta.

Alternativa correta: D (F, F, V, V)

Tema central: trata-se do novo imperialismo do final do século XIX — a expansão territorial europeia motivada pela procura de matérias‑primas, mercados e posições estratégicas, no contexto de economias industriais e de rivalidade entre Estados‑nação. Para resolver a questão é preciso distinguir causas econômicas, políticas e culturais do imperialismo e reconhecer enunciados absolutos ou exagerados.

Resumo teórico: o novo imperialismo combinou:

- Interesses econômicos: acesso a matérias‑primas (borracha, petróleo, nitratos, etc.) e mercados.

- Motivações políticas e estratégicas: prestígio nacional, competição entre potências, bases navais.

- Formas de dominação: direta (colônias) e indireta (protetorados, esferas de influência).

- Papel cultural/missionário: missionários atuaram, mas não houve conversão universal nem foram causa única do imperialismo.

Fontes úteis: Eric Hobsbawm, A Era dos Impérios; textos sobre “new imperialism” e trabalhos de Gallagher & Robinson.

Justificativa das assertivas (ordem do enunciado):

1ª afirmativa — Falsa. A expansão imperial intensificou rivalidades entre potências (crises imperialistas, corridas por África e Oriente Médio). Não as diminuiu; muitas disputas diplomáticas e militares ocorreram.

2ª afirmativa — Falsa. Missionários participaram da penetração cultural, mas não converteram “todos os pagãos e infiéis”. A afirmação é absoluta e incorreta: houve resistência, sincretismo e conversão parcial.

3ª afirmativa — Verdadeira. As colônias foram concebidas como complementares à economia metropolitana (fontes de matérias‑primas e mercados) e sujeitas a controle político direto ou indireto — síntese clássica do colonialismo.

4ª afirmativa — Verdadeira. O novo colonialismo foi resultado da rivalidade econômico‑política entre nações industrializadas, em contexto de protecionismo e competição por recursos e mercados.

Dica de prova: desconfie de termos absolutos (“todos”, “diminuíram”) e vincule cada enunciado ao núcleo conceitual (econômico, político, cultural). Identifique se a frase descreve tendência geral (aceitável) ou uma generalização impossível (erro).

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