Questão 3f053771-0b
Prova:UFMS 2018
Disciplina:História
Assunto:História do Brasil

Ao iniciar uma discussão sobre o surgimento do Brasil, como o conhecemos atualmente, e sobre sua história, alguns alunos que cursavam a última série do Ensino Médio apresentaram as seguintes colocações:

- Pedro entendia que a história oficial do Brasil deveria ser contada a partir do descobrimento do território do atual País, mas que os acontecimentos anteriores à chegada dos portugueses também deveriam ser levados em consideração, para entender como e por que tudo aquilo havia acontecido.
- Luzia afirmava que a história do Brasil não deveria ser vista apenas a partir da chegada dos portugueses, pois a região onde hoje existe o Brasil já fora habitada, havia muitos séculos, por homens pré-históricos cujos fósseis foram encontrados e são vestígios da antiguidade dessa história.
- João concordava parcialmente com as afirmações dos colegas, porém compreendia que a história oficial do Brasil deveria ser tratada a partir da chegada da família real e da separação da antiga colônia com Portugal, fato que foi decisivo para que o Brasil se tornasse o país que é atualmente.
- Isabel acrescentou que concordava com parte das colocações dos colegas, porém lembrou que não poderia ser contada a história do Brasil sem lembrar que a conquista dessa região deuse com a exploração da mão de obra africana, escravizada e trazida para a então colônia portuguesa e que deixou um importante legado cultural para o Brasil.
- Marçal foi o último dos jovens a se pronunciar e ratificou a fala de Isabel, acrescentando que os povos nativos, os índios, foram protagonistas dessa história, assim como os africanos, e que não há como falar de Brasil sem lembrar da herança indígena para a formação do País.

A partir da análise das intervenções dos estudantes, estão corretas:

A
todas as falas dos jovens estudantes.
B
as falas de Pedro e João, apenas.
C
as falas de Pedro, Luzia, Isabel e Marçal.
D
as falas de João, Isabel e Marçal.
E
nenhum deles pode afirmar como deve ser escrita, ou contada, a história do Brasil, visto que a história já aconteceu e nada mais poderá modificá-la.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Gabarito: C

Tema central: interpretação historiográfica sobre quando e a partir de que perspectivas a “história do Brasil” deve ser contada. Trata-se de reconhecer que a história é construção interpretativa que pode incluir: povos indígenas, ocupações pré-coloniais, população africana escravizada e fatos político-institucionais (como a vinda da corte).

Resumo teórico: A historiografia moderna rejeita narrativas únicas e teleológicas. Fontes e perspectivas múltiplas são necessárias: arqueologia (povos pré-históricos), história indígena, história do tráfico atlântico e da escravidão, e história política. A Lei 11.645/2008 obriga o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena, reforçando a importância dessas abordagens nos currículos.

Por que a alternativa C está correta:

Pedro reconhece a tradição de começar pela chegada dos portugueses mas não exclui os acontecimentos anteriores — postura coerente com a visão plural da historiografia. Luzia destaca vestígios pré-históricos (arqueologia) — correto e necessário. Isabel lembra da escravidão africana e seu legado cultural — essencial para entender a formação social brasileira. Marçal reforça a centralidade dos povos indígenas. Essas quatro falas incorporam as principais matrizes formadoras do Brasil e concordam com a ideia de múltiplas temporalidades e atores.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta: inclui João, cuja fala é restritiva (começar apenas com a vinda da família real) e ignora papéis indígenas e africanos.

B — Incorreta: inclui João (válido apenas para um recorte político-institucional), mas exclui Luzia, Isabel e Marçal que apontam elementos fundamentais (pré-história, africanos, indígenas).

D — Incorreta: repete o erro de aceitar João como suficiente; Pedro também apresenta posição adequada e foi excluído.

E — Incorreta: confunde fato (o passado aconteceu) com interpretação; historiadores constroem narrativas e debate sobre “como contar” é legítimo e necessário.

Dica prática para provas: procure termos que indiquem visão inclusiva (pré-colonial, indígena, africana, múltiplas temporalidades). Desconfie de alternativas que proponham um único ponto de partida absoluto.

Fontes sugeridas: E. H. Carr, O que é História?; Lei 11.645/2008; documentos curriculares (PCN/BNCC) sobre História.

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