Questão 3eb0376f-c4
Prova:UEG 2018
Disciplina:Sociologia
Assunto:As cidades e os espaços urbanos, Violência e conflitos urbanos

A violência se apresenta como um dos problemas que atinge o mundo contemporâneo, de modo especial o Brasil. Atentados terroristas e a ação de francoatiradores se espalham por vários países; roubos, assassinatos, tiroteios e balas perdidas fazem parte do cotidiano das populações das grandes cidades e de várias outras de porte médio, no Brasil. Frente ao exposto, Verifica-se o seguinte:

A
O medo é um sentimento individual decorrente da proliferação da violência e, por isso, passa a exercer uma coerção social, cumprindo o papel de controle sobre a sociedade.
B
Tendo por base a teoria weberiana, a violência tem um significado compartilhado pelos membros da sociedade, que a tornam motivo de estudo sociológico.
C
De acordo com a teoria de Êmile Durkheim, a violência pode ser tomada como um objeto privilegiado de análise sociológica, pois apresenta todas as características do Fato Social; portanto, passa a exigir do cientista social uma explicação que extrapole o âmbito da índole de quem pratica atos de violência.
D
Segundo as teorias sociológicas contemporâneas, a violência faz parte do capital simbólico e se constitui como um produto das sociedades capitalistas.
E
O estudo da ética e da moral vai ser incorporado à análise sociológica para tornar possível uma explicação social que tenha por base a conduta dos indivíduos que praticam atos criminosos.

Gabarito comentado

D
Diego Hernandez, Mentor QconcursosMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa C

Tema central: trata-se de compreender a violência como objeto sociológico. A questão exige distinguir explicações que partem do indivíduo (psicológicas/morais) das explicações que procuram causas sociais, usando conceitos clássicos da sociologia.

Resumo teórico: Para Émile Durkheim, um fato social é algo exterior ao indivíduo, de caráter geral e que exerce coerção sobre ele; a explicação sociológica busca causas sociais (instituições, normas, solidariedade, anomia), não reduzir o fenômeno à índole pessoal. (Ver: Durkheim, Les Règles de la Méthode Sociologique, 1895).

Por que a alternativa C é correta: ela afirma exatamente o núcleo do pensamento durkheimiano — a violência pode ser tratada como fato social e, portanto, exige uma explicação que vá além das características individuais de quem comete o ato. Isso está alinhado com a metodologia durkheimiana de buscar causas sociais e estruturas (ex.: desigualdade, desorganização social, anomia) que favorecem a violência.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. Afirma que o medo é um sentimento individual que passa a exercer coerção social. Na perspectiva sociológica, medo pode ser produzido socialmente e tornar-se um fator coletivo; apresentá‑lo apenas como sentimento individual ignora a dimensão externa e normativa dos fatos sociais.

B — Incorreta. Weber analisa ação social e tipos de dominação (legítima, carismática, tradicional) e discute a legitimação do uso da força (monopólio estatal), mas não reduz a violência a um “sentido compartilhado” como pressuposto único; portanto a frase generaliza e deturpa a teoria weberiana.

D — Incorreta. Teorias contemporâneas (p.ex. Bourdieu) falam de capital simbólico, e correntes críticas mencionam a relação entre capitalismo e formas de violência estrutural, mas dizer que “a violência faz parte do capital simbólico e se constitui como produto das sociedades capitalistas” é uma generalização imprecisa e conceitualmente confusa.

E — Incorreta. Incorporar ética e moral pode enriquecer a análise, porém a explicação sociológica não deve basear‑se na conduta individual ou em juízos morais isolados; ela busca causas sociais, estruturas e relações que influenciam comportamentos (novamente, visão durkheimiana).

Dica de prova: identifique autores citados indiretamente (Durkheim = fato social/coerção; Weber = dominação/monopólio da violência legítima). Palavras‑chave como “extrapole a índole” sinalizam abordagem durkheimiana.

Fontes rápidas: Durkheim, É. Les Règles de la Méthode Sociologique (1895); Weber, M. (ensaios sobre dominação/violência); Bourdieu, P. (capital simbólico).

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