Questão 3cab74d5-ed
Prova:CÁSPER LÍBERO 2012
Disciplina:História
Assunto:História do Brasil, República de 1954 a 1964

“Foi principalmente no governo JK que começou a ganhar evidência um dos mais novos atores na cena política brasileira, o campesinato. Até então restritos ao interior das propriedades, sujeitos à dominação dos grandes senhores, os camponeses começaram a se mobilizar, e a se organizar, lutando por direitos e por terra. É certo que esse processo se iniciou bem anteriormente, pelo menos nos anos 1940. Contudo, foi apenas na segunda metade da década de 1950 que passou a ter maior visibilidade, ocupando as primeiras páginas dos jornais, impondo-se ao debate político, projetando os camponeses nas cidades, nos centros de tomadas de decisão”. (Mario Grynszpan, “O Brasil de JK - Movimentos sociais no campo”) Fatores diretamente ligados à emergência do campesinato como ator político durante o governo de Juscelino Kubitschek são:

A
o surgimento do agronegócio no Brasil e a brutal redução da dívida externa nacional.
B
a persistência residual da escravidão no campo e o aumento da imigração estrangeira para as cidades.
C
a extensão do desenvolvimento industrial ao campo e o surgimento do MST.
D
a reversão do fluxo migratório tradicionalmente voltado às cidades e a difusão da chamada Teologia da Libertação.
E
o surgimento das chamadas ligas camponesas, cujo principal líder foi o pernambucano Francisco Julião, e a criação da SUDENE.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: E

Tema central: emergência do campesinato como ator político durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956–1961). É preciso relacionar atores, organizações e políticas públicas desse período — especialmente as Ligas Camponesas e a criação da SUDENE — e reconhecer cronologias para evitar anacronismos.

Resumo teórico: nas décadas de 1940–50 aumentou a mobilização rural por terra e direitos. No Nordeste, as Ligas Camponesas (lideradas por Francisco Julião) organizaram trabalhadores rurais para reivindicações agrárias; a SUDENE (criada em 1959) intensificou a presença do Estado no Nordeste e tornou públicas as desigualdades regionais, favorecendo a visibilidade das lutas camponesas (ver Mario Grynszpan e bibliografia sobre movimentos sociais no campo).

Por que a alternativa E é correta: reúne dois elementos cronológica e causalmente ligados à emergência do campesinato na segunda metade dos anos 1950: as Ligas Camponesas — que articularam mobilizações e deram voz política aos camponeses — e a SUDENE — que, ao intervir no desenvolvimento nordestino, expôs problemas fundiários e ampliou a pauta agrária no debate nacional.

Análise das alternativas incorretas

A) Agronegócio e redução da dívida externa: errado. O processo de consolidação do agronegócio ocorre mais tarde (décadas de 1970–80) e a ideia de “brutal redução da dívida” não corresponde ao contexto JK.

B) Persistência da escravidão e aumento da imigração: errado. A escravidão foi abolida em 1888; não é fator direto dos anos 1950. A imigração estrangeira para cidades também não explica a organização camponesa no campo.

C) Extensão da indústria ao campo e surgimento do MST: errado. A industrialização de JK foi urbana e baseada nas metas; o MST só surge em 1984 — anacronismo.

D) Reversão da migração e Teologia da Libertação: errado. Não houve reversão migratória nesse período e a Teologia da Libertação é mais associada às décadas posteriores (anos 1960–70) e à ação de setores religiosos depois de 1964.

Dica de prova: procure obras e nomes que sejam contemporâneos ao período pedido; identifique anacronismos (p. ex. MST, Teologia da Libertação) como sinal seguro de erro.

Fontes sugeridas: Mario Grynszpan, estudos sobre as Ligas Camponesas e a história da SUDENE (final dos anos 1950).

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