“Foi principalmente no governo JK que começou a ganhar evidência um dos
mais novos atores na cena política brasileira, o campesinato. Até então restritos
ao interior das propriedades, sujeitos à dominação dos grandes senhores, os
camponeses começaram a se mobilizar, e a se organizar, lutando por direitos e por
terra. É certo que esse processo se iniciou bem anteriormente, pelo menos nos anos
1940. Contudo, foi apenas na segunda metade da década de 1950 que passou a
ter maior visibilidade, ocupando as primeiras páginas dos jornais, impondo-se ao
debate político, projetando os camponeses nas cidades, nos centros de tomadas de
decisão”. (Mario Grynszpan, “O Brasil de JK - Movimentos sociais no campo”)
Fatores diretamente ligados à emergência do campesinato como ator político
durante o governo de Juscelino Kubitschek são:
Gabarito comentado
Alternativa correta: E
Tema central: emergência do campesinato como ator político durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956–1961). É preciso relacionar atores, organizações e políticas públicas desse período — especialmente as Ligas Camponesas e a criação da SUDENE — e reconhecer cronologias para evitar anacronismos.
Resumo teórico: nas décadas de 1940–50 aumentou a mobilização rural por terra e direitos. No Nordeste, as Ligas Camponesas (lideradas por Francisco Julião) organizaram trabalhadores rurais para reivindicações agrárias; a SUDENE (criada em 1959) intensificou a presença do Estado no Nordeste e tornou públicas as desigualdades regionais, favorecendo a visibilidade das lutas camponesas (ver Mario Grynszpan e bibliografia sobre movimentos sociais no campo).
Por que a alternativa E é correta: reúne dois elementos cronológica e causalmente ligados à emergência do campesinato na segunda metade dos anos 1950: as Ligas Camponesas — que articularam mobilizações e deram voz política aos camponeses — e a SUDENE — que, ao intervir no desenvolvimento nordestino, expôs problemas fundiários e ampliou a pauta agrária no debate nacional.
Análise das alternativas incorretas
A) Agronegócio e redução da dívida externa: errado. O processo de consolidação do agronegócio ocorre mais tarde (décadas de 1970–80) e a ideia de “brutal redução da dívida” não corresponde ao contexto JK.
B) Persistência da escravidão e aumento da imigração: errado. A escravidão foi abolida em 1888; não é fator direto dos anos 1950. A imigração estrangeira para cidades também não explica a organização camponesa no campo.
C) Extensão da indústria ao campo e surgimento do MST: errado. A industrialização de JK foi urbana e baseada nas metas; o MST só surge em 1984 — anacronismo.
D) Reversão da migração e Teologia da Libertação: errado. Não houve reversão migratória nesse período e a Teologia da Libertação é mais associada às décadas posteriores (anos 1960–70) e à ação de setores religiosos depois de 1964.
Dica de prova: procure obras e nomes que sejam contemporâneos ao período pedido; identifique anacronismos (p. ex. MST, Teologia da Libertação) como sinal seguro de erro.
Fontes sugeridas: Mario Grynszpan, estudos sobre as Ligas Camponesas e a história da SUDENE (final dos anos 1950).
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