Questão 3c9dec2a-ed
Prova:CÁSPER LÍBERO 2012
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

Levantamentos históricos estimam que cerca de 3 milhões e 600 mil africanos desembarcaram no Brasil, entre os séculos XVI e XIX, na condição de escravos vendidos para trabalhar em regiões e setores produtivos muito variados. Segundo a escala temporal e humana desse fenômeno, pode-se- dizer que ela:

A
não apresenta diferenças significativas (temporal e humana) em relação ao observado na maioria das demais regiões da América.
B
é discrepante da maioria das regiões da América, tanto em termos de sua duração como de seu volume total.
C
apresenta uma relação inversamente proporcional entre os aspectos temporal e humano, já que o comércio de escravos para o Brasil foi muito intenso em apenas alguns períodos curtos.
D
é diretamente proporcional à utilização de escravos de origem africana no continente europeu.
E
é discrepante da maioria das demais regiões da América em termos de sua duração, mas não em termos de seu volume total.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: trata da escala temporal (duração histórica) e da escala humana (número de pessoas) do tráfico de africanos para o Brasil em comparação com outras regiões das Américas.

Resumo teórico: entre os séculos XVI e XIX o Brasil foi o maior destino do tráfico atlântico de escravos. Estimativas (por exemplo, Trans-Atlantic Slave Trade Database) apontam cerca de 3,6 milhões de africanos trazidos ao território que viria a ser o Brasil — número superior ao recebido por qualquer outra colônia americana. Além disso, a entrada de africanos se estendeu por um longo período: desde o início da colonização portuguesa até meados do século XIX (com a abolição formal da escravidão em 1888, após diversas fases e leis de restrição). Assim, o fenômeno brasileiro foi simultaneamente mais volumoso e mais duradouro que a maioria das demais regiões americanas.

Fontes úteis: Trans-Atlantic Slave Trade Database (www.slavevoyages.org); obras de historiadores brasileiros sobre escravidão como João José Reis e Emília Viotti da Costa; estudos comparativos sobre o tráfico atlântico.

Justificativa da alternativa B: A alternativa B afirma que o fenômeno foi discrepante quanto à duração e ao volume em relação à maioria das regiões da América. Isso está correto porque:

  • Volume: o Brasil recebeu o maior contingente de africanos no Atlântico — ordem de milhões, bem acima de qualquer colônia individual no Caribe ou na América espanhola.
  • Duração: o tráfico e a escravidão em escala massiva persistiram por séculos no Brasil, com picos em diferentes momentos (século XVIII e início do XIX) e continuidade até o final do século XIX.

Análise das alternativas incorretas:

A — "não apresenta diferenças significativas": incorreta. Há diferenças claras: Brasil teve maior volume e longa duração, característica que o distingue da maioria das outras regiões.

C — "relação inversamente proporcional (intenso apenas em períodos curtos)": incorreta. Houve picos de intensidade, mas o tráfico foi contínuo ao longo de séculos — não se reduz a "apenas alguns períodos curtos".

D — "diretamente proporcional à utilização de escravos na Europa": incorreta e equívoca. A maior utilização de trabalho escravo ocorreu nas Américas (plantations, mineração), não na Europa continental; a relação entre tráfico e uso europeu é irrelevante aqui.

E — "discrepante em duração, mas não em volume": incorreta. Negligencia o fato documentado de que o Brasil recebeu o maior volume de africanos dentre as Américas.

Dica de prova: ao ler “escala temporal e humana”, associe imediatamente a conceitos de duração e quantidade. Busque alternativas que tratem dos dois aspectos ao mesmo tempo — muitas pegadinhas atacam só um deles.

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