Fenômeno complexo, que ultrapassa o domínio religioso que o epíteto ocidental sugeria, a idolatria pode também ser vista
como expressão da resistência social e cultural dos ameríndios em face do avanço europeu.
(Ronaldo Vainfas. A heresia dos índios – Catolicismo e rebeldia no Brasil Colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 31. Adaptado.)
De acordo com a abordagem proposta pelo autor, a idolatria ameríndia situa-se num contexto de:
Gabarito comentado
Alternativa correta: E — luta, na qual se busca fortalecer uma identidade fragilizada ante o colonialismo.
Tema central: a questão trata da interpretação da idolatria ameríndia como fenômeno histórico que vai além do religioso: é uma prática inscrita na resistência social e cultural dos povos indígenas diante da presença europeia. Para responder, é preciso reconhecer termos-chave do enunciado (por ex., "resistência") e relacioná‑los a conceitos de história colonial, aculturação e sincretismo.
Resumo teórico conciso: historiadores como Ronaldo Vainfas (A heresia dos índios, 1995) mostram que práticas religiosas classificadas como "idolatria" pelos colonizadores funcionavam também como estratégias de manutenção identitária, contestação e negociação cultural. Em vez de mera superstição ou submissão, muitas expressões religiosas indígenas assumiram papel político e social na confrontação com o poder colonial.
Por que a E é correta: o enunciado afirma que a idolatria "pode também ser vista como expressão da resistência social e cultural". Isso define claramente um quadro de luta — não necessariamente armada, mas na esfera simbólica e comunitária — para preservar práticas, memoriais e identidade frente ao colonialismo. Logo, E sintetiza com precisão essa abordagem.
Análise das alternativas incorretas:
A — etnocentrismo: descreve a postura de quem julga outra cultura como inferior (característica dos colonizadores), não a situação dos ameríndios cuja prática é apresentada como resistência. Portanto não descreve o quadro proposto.
B — superstição: reduz a idolatria a uma explicação irracional e individual, ignorando seu caráter coletivo, político e cultural — justamente o ponto que o autor enfatiza ao falar de resistência.
C — extermínio: sugere substituição total dos valores indígenas pelos do dominador; o trecho, porém, aponta para continuidade e reação cultural, e não para apagamento completo.
D — miscigenação: o sincretismo existe, mas a ênfase do autor é na resistência deliberada e na afirmação identitária, não na formação híbrida como princípio central.
Estratégia prática para concursos: busque palavras-chave do enunciado e relacione-as com conceitos históricos precisos; desconfie de alternativas que simplificam (superstição, extermínio) ou que apresentam termos próximos, porém distintos (miscigenação ≠ resistência).
Fontes: Ronaldo Vainfas, A heresia dos índios (1995); obras sobre resistência cultural e sincretismo na história colonial.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!





