Considere a correção proposta para o sublinhado nos seguintes trechos
do texto:
I “em uma seção de análise”: em uma sessão de análise.
II “eu e toda a humanidade”: eu e toda humanidade.
III “para expressar minha esperança que você também tenha esse
prazer”: para expressar minha esperança de que você também
tenha esse prazer.
Está de acordo com a norma culta o que se propõe em
Considere a correção proposta para o sublinhado nos seguintes trechos do texto:
I “em uma seção de análise”: em uma sessão de análise.
II “eu e toda a humanidade”: eu e toda humanidade.
III “para expressar minha esperança que você também tenha esse prazer”: para expressar minha esperança de que você também tenha esse prazer.
Está de acordo com a norma culta o que se propõe em
Quando você significa eu
Outro dia, deitado no divã em uma seção de análise, descrevi meus
sentimentos. “Quando sobe a raiva, você perde a capacidade de ser generoso.”
Antes de terminar a frase, eu me dei conta de que tinha usado “você”, apesar
de estar descrevendo um comportamento meu. Instintivamente repeti a frase.
“Quando sobe a raiva, eu perco a capacidade de ser generoso.”
Não me senti bem. Não era o que eu queria expressar. O que seria esse
estranho “você” que havia usado falando de mim, e seguramente não me
referindo a ele, meu analista, que era o único na sala? Como você sabe, o
“você” normal é usado como nessa frase, para se referir ao interlocutor.
Descobri que esse estranho “você” é o chamado “você” genérico e pode
significar muitas coisas, entre elas “eu e toda a humanidade”. O que eu queria
dizer era o seguinte: “Quando sobe a raiva, eu e toda a humanidade perdemos
a capacidade de sermos generosos.” Ao usar o “você” genérico estava
tentando me eximir um pouco da culpa.
Imagine qual não foi minha surpresa ao me deparar com um estudo que
investiga exatamente em que condições as pessoas usam esse “você” genérico.
O prazer é grande quando você (o prazer é meu, mas estou usando o “você
“genérico para expressar minha esperança que você também tenha esse
prazer) lê sobre algo que já observou.
Fernando Reinach, O Estado de S. Paulo, 08/04/2017.
Quando você significa eu
Outro dia, deitado no divã em uma seção de análise, descrevi meus sentimentos. “Quando sobe a raiva, você perde a capacidade de ser generoso.” Antes de terminar a frase, eu me dei conta de que tinha usado “você”, apesar de estar descrevendo um comportamento meu. Instintivamente repeti a frase. “Quando sobe a raiva, eu perco a capacidade de ser generoso.”
Não me senti bem. Não era o que eu queria expressar. O que seria esse estranho “você” que havia usado falando de mim, e seguramente não me referindo a ele, meu analista, que era o único na sala? Como você sabe, o “você” normal é usado como nessa frase, para se referir ao interlocutor. Descobri que esse estranho “você” é o chamado “você” genérico e pode significar muitas coisas, entre elas “eu e toda a humanidade”. O que eu queria dizer era o seguinte: “Quando sobe a raiva, eu e toda a humanidade perdemos a capacidade de sermos generosos.” Ao usar o “você” genérico estava tentando me eximir um pouco da culpa.
Imagine qual não foi minha surpresa ao me deparar com um estudo que investiga exatamente em que condições as pessoas usam esse “você” genérico. O prazer é grande quando você (o prazer é meu, mas estou usando o “você “genérico para expressar minha esperança que você também tenha esse prazer) lê sobre algo que já observou.
Fernando Reinach, O Estado de S. Paulo, 08/04/2017.