A partir dos anos 1920, há um crescimento do sentimento
anti-imperialista na América Latina, agravado por algumas
políticas recentemente empreendidas pelos Estados Unidos no continente, como
Considere o texto abaixo.
Se a Grande Guerra representa ruptura na história das
relações culturais entre a Europa e a América Latina, bem mais
do que rompê-las brutalmente ela as reconfigura e leva a
afirmações identitárias complexas (...). As referências europeias subsistem (...) mas são agora apenas parte de um todo
identitário que bebe em fontes variadas para definir os caracteres da nacionalidade. Deste ponto de vista, a metáfora
proposta por Oswald de Andrade em seu Manifesto antropofágico, de 1928, é a mais eficaz (...). “Só me interessa o que
não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.”
(COMPAGNON, Olivier. O adeus à Europa. A América Latina
e a Grande Guerra (Argentina e Brasil, 1914-1939). Trad.
Carlos Nougué. Rio de Janeiro: Rocco, 2014, p. 303-304)
Considere o texto abaixo.
Se a Grande Guerra representa ruptura na história das relações culturais entre a Europa e a América Latina, bem mais do que rompê-las brutalmente ela as reconfigura e leva a afirmações identitárias complexas (...). As referências europeias subsistem (...) mas são agora apenas parte de um todo identitário que bebe em fontes variadas para definir os caracteres da nacionalidade. Deste ponto de vista, a metáfora proposta por Oswald de Andrade em seu Manifesto antropofágico, de 1928, é a mais eficaz (...). “Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.”
(COMPAGNON, Olivier. O adeus à Europa. A América Latina e a Grande Guerra (Argentina e Brasil, 1914-1939). Trad. Carlos Nougué. Rio de Janeiro: Rocco, 2014, p. 303-304)
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa D
Tema central: trata-se da reação anti‑imperialista na América Latina nas décadas de 1910‑1920, intensificada por intervenções e pela retórica externa dos EUA. Para responder, identifique a política estadunidense que, sob o pretexto da defesa da democracia, serviu para intervir em processos políticos e favorecer governos pró‑EUA — característica da chamada Doutrina Wilson (ou “Moral Diplomacy”).
Resumo teórico: após 1914, os EUA ampliaram sua presença política na região. A “Doutrina Wilson” buscou promover valores democráticos, mas na prática legitimou intervenções e pressões sobre regimes e eleições para instalar lideranças mais alinhadas aos interesses norte‑americanos (ex.: intervenções no México, Honduras, Haiti, República Dominicana — 1910s–1920s). Fontes: textos sobre “Moral Diplomacy” de Woodrow Wilson; estudos de relações interamericanas (LaFeber, B. y Schulz, etc.).
Por que D está correta: a descrição corresponde ao uso da retórica democrática pelos EUA como ferramenta de influência política na América Latina, provocando ressentimento e anti‑imperialismo regional. A alternativa identifica corretamente o mecanismo — contestação de governos/processos eleitorais para favorecer aliados estadunidenses — típico da política wilsoniana.
Análise das alternativas incorretas:
A — Confunde com a Good Neighbor Policy (FDR, 1933), que na prática priorizou a não‑intervenção e cooperação; não corresponde a empréstimos a juros altíssimos.
B — A “diplomacia do dólar” (Dollar Diplomacy, Taft) visou usar investimentos para influenciar, mas a alternativa descreve negociações por um mercado comum, o que está incorreto.
C — Pan‑americanismo não é política de desvalorização deliberada de moedas para provocar falências; essa descrição é fantasiosa.
E — A Doutrina Monroe (1823) declarava oposição a novas colonizações europeias; posteriormente o Corolário Roosevelt (1904) justificou intervenções, mas a alternativa reduz Monroe a “estratégia militar” de intervenções fronteiriças, o que é impreciso.
Dica de interpretação: busque palavras‑chave no enunciado — “aggravado por políticas ... dos EUA” + período pós‑1ªGuerra — e associe ao tipo de ação (retórica democrática vs. empréstimos vs. investimentos). Elimine alternativas que descrevem políticas de outras épocas/nomes (Good Neighbor = 1930s; Dollar Diplomacy = Taft era; Monroe = 1823/Corolário).
Fontes rápidas: Roosevelt Corollary (1904); estudos sobre “Moral Diplomacy” de Woodrow Wilson; LaFeber, The New Empire (sobre intervenções US).
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