Em relação ao culto da nacionalidade, a que o texto se refere, é correto afirmar que o nacionalismo da segunda metade do
século XIX foi, em parte, uma reação
Considere o texto abaixo.
Há no Romantismo nacional uma expressão evidente do culto da nacionalidade, o qual, tomado num sentido mais amplo, se
manifesta também em lutas pela afirmação da liberdade política e determina a exaltação de valores e tradições. Esse sentimento é
tomado também nos seus aspectos sociais, sob o apanágio dos direitos do homem livre, razão de ser do movimento abolicionista e
matéria para o romance, para o teatro e para a poesia da época.
(Adaptado de: CANDIDO, Antonio e CASTELLO, José Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira I. Das origens ao Romantismo. São
Paulo: DIFE, 1974, p. 207-208)
Considere o texto abaixo.
Há no Romantismo nacional uma expressão evidente do culto da nacionalidade, o qual, tomado num sentido mais amplo, se manifesta também em lutas pela afirmação da liberdade política e determina a exaltação de valores e tradições. Esse sentimento é tomado também nos seus aspectos sociais, sob o apanágio dos direitos do homem livre, razão de ser do movimento abolicionista e matéria para o romance, para o teatro e para a poesia da época.
(Adaptado de: CANDIDO, Antonio e CASTELLO, José Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira I. Das origens ao Romantismo. São Paulo: DIFE, 1974, p. 207-208)
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A
Tema central: trata-se do nacionalismo na segunda metade do século XIX e de suas causas. Para resolver a questão é preciso conectar contextos políticos (movimentos operários internacionalistas), econômicos (internacionalização do capital e do trabalho) e culturais (formação de identidades nacionais).
Resumo teórico: o nacionalismo do século XIX teve múltiplas raízes. Autores como Eric Hobsbawm (Nations and Nationalism since 1780) e Benedict Anderson (Imagined Communities) mostram que, além do projeto de Estado-nação, havia reação a correntes transnacionais — sobretudo ao internacionalismo operário (Primeira Internacional, 1864) e às formas de circulação de capital e trabalho. No Brasil, como lembra Antonio Candido, o Romantismo alimentou o culto da nacionalidade ligado a projetos políticos e sociais (ex.: abolicionismo).
Por que a letra A é correta: a alternativa aponta que o nacionalismo foi, em parte, reação ao internacionalismo das doutrinas proletárias e à tendência de internacionalização do capital e do trabalho. Essa leitura é coerente historicamente: elites e Estados responderam ao desafio de movimentos e ideias que promoviam solidariedade além das fronteiras (socialismo, internacionalismo operário) reforçando identidades nacionais e políticas protecionistas/estatistas.
Análise das alternativas incorretas:
B — Incorreta. Afirma que o nacionalismo seria defesa da restauração contra “excessivo liberalismo”. Na prática, o nacionalismo do século XIX teve variantes liberais, democráticas e até progressistas (unificação italiana, movimentos nacionais na Alemanha), não sendo simplesmente reação à liberalização e restauração conservadora.
C — Incorreta. Diz que o nacionalismo reagiu aos princípios do Congresso de Viena (legitimidade). Na verdade, o Congresso de Viena (1815) fortaleceu o conservadorismo; o nacionalismo frequentemente se opôs a essa ordem legitimista em prol da autodeterminação, não a defendeu.
D — Incorreta. Fala de oposi��ão à independência dos pequenos Estados do Leste europeu e de intervenção econômica inglesa — é uma descrição deslocada e específica que não explica o amplo fenômeno do nacionalismo europeu e latino-americano no fim do século XIX.
E — Incorreta. Afirma que o nacionalismo foi reação à política de desenvolvimento capitalista por fortalecimento do Estado. Em geral o nacionalismo apoiou ou usou o fortalecimento estatal para integrar mercados e nações; não foi apenas reação a essa política.
Dica de prova: focalize o período indicado e pesquise os atores ideológicos (socialismo/internacionalismo vs. nacionalismo). Elimine alternativas com termos anacrônicos ou muito específicos que não dialoguem com o quadro geral.
Fontes recomendadas: Antonio Candido (Presença da Literatura Brasileira), Eric Hobsbawm (Nations and Nationalism since 1780) e Benedict Anderson (Imagined Communities).
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