“Por meio de tudo isto – pela divisão do trabalho, supervisão do trabalho, multas, sinos e relógios, incentivos em dinheiro, pregações e ensino, supressão das feiras e dos esportes – formaram-se novos hábitos de trabalho e impôs-se uma nova disciplina do tempo.”
Thompson, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional.
A passagem acima indica como, através do desenvolvimento da industrialização e do capitalismo, o trabalhador foi levado a construir uma nova relação com o tempo, incorporando o tempo marcado pelo relógio na atividade produtiva e na sua própria vida. Ao mesmo tempo, buscou-se um controle e um direcionamento para o período em que não estivesse trabalhando, de modo a orientar “positivamente” a utilização de seu “tempo ocioso”.
Pode-se considerar que o apogeu desse processo se deu com:
Thompson, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional.
A passagem acima indica como, através do desenvolvimento da industrialização e do capitalismo, o trabalhador foi levado a construir uma nova relação com o tempo, incorporando o tempo marcado pelo relógio na atividade produtiva e na sua própria vida. Ao mesmo tempo, buscou-se um controle e um direcionamento para o período em que não estivesse trabalhando, de modo a orientar “positivamente” a utilização de seu “tempo ocioso”.
Pode-se considerar que o apogeu desse processo se deu com:
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa D
Tema central: trata-se da disciplinarização do tempo pelo capitalismo industrial — como o relógio, a produção em série e instituições patronais transformaram hábitos de trabalho e também a conduta privada dos operários.
Resumo teórico: a industrialização impôs ritmos cronometrados e rotina contínua. O fordismo (produção em massa com linhas de montagem) não só elevou produtividade, como instituiu mecanismos de controle e normas morais para a vida fora da fábrica — exemplo clássico é o Departamento Sociológico de Henry Ford, que fiscalizava hábitos familiares e pessoais dos empregados para garantir “boas condutas” que tornassem o trabalhador um agente produtivo estável. (Ver: E. P. Thompson; Hounshell, D. A., From the American System to Mass Production, 1984; Aglietta, M., Régulation et crise du capitalisme, 1976.)
Por que a alternativa D é correta: ela aponta que o fordismo, além da produção em série e aumento da produtividade, impôs normas morais externas à fábrica — exatamente o tipo de orientação do “tempo ocioso” citada no enunciado. A presença de regras sobre comportamento, hábitos e mesmo condições familiares para manter emprego corresponde ao controle social e temporal descrito.
Análise das alternativas incorretas:
A - Stakhanovismo: movimento soviético de incentivo à produção individual por metas extremas; foca produtividade e propaganda estatal, não em disciplinar o tempo livre segundo preceitos morais burgueses nem em “organizar em grandes vilas”. Contexto e objetivos diferentes.
B - Taylorismo: a administração científica (Taylor) racionaliza tarefas e tempos de trabalho dentro da fábrica (estudo de tempos e movimentos), promovendo controle técnico, não especialmente a moralização do tempo ocioso fora do trabalho — logo, não é o ápice do controle social descrito.
C - Toyotismo: sistema enxuto (lean) baseado em flexibilidade, trabalho em equipe, just-in-time e estoques mínimos — é praticamente o oposto da ideia de estoques abundantes e não enfatiza vigilância moral da vida privada como fez o fordismo.
E - Fayolismo: teorias administrativas de Henri Fayol tratam de princípios de gestão e hierarquia, voltadas à administração empresarial; não propõem a “indiferenciação completa” entre trabalho e diversão nem a moralização do tempo livre como princípio.
Dica de prova: busque palavras-chave no enunciado — “produção em série”, “disciplina do tempo” e “controle do tempo ocioso” — que remetem diretamente às práticas fordiste/ paternalistas. Diferencie controle técnico (taylorismo) de controle moral/social (fordismo).
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