Nova canção do exílio
Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto.
O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
e o maior amor.
Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.
Onde é tudo belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)
Ainda um grito de vida e
voltar
para onde é tudo belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe.
Carlos Drummond de Andrade, A rosa do povo.
0 sentido do poema depende, em boa medida, do reconhecimento de que,
em sua composição, o autor se vale de uma relação intertextual com a
“Canção do exílio”, de Gonçalves Dias. 0 que viabiliza a escolha do poema
gonçalvino como referência intertextual é, em primeiro lugar, o fato de ele
ser
Nova canção do exílio
Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto.
O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
e o maior amor.
Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.
Onde é tudo belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)
Ainda um grito de vida e
voltar
para onde é tudo belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe.
Carlos Drummond de Andrade, A rosa do povo.
0 sentido do poema depende, em boa medida, do reconhecimento de que,
em sua composição, o autor se vale de uma relação intertextual com a
“Canção do exílio”, de Gonçalves Dias. 0 que viabiliza a escolha do poema
gonçalvino como referência intertextual é, em primeiro lugar, o fato de ele
ser
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de texto e intertextualidade
Esta questão avalia sua habilidade de identificar relações intertextuais entre obras literárias — ou seja, reconhecer quando um texto faz referência ou diálogo com outro, sobretudo em contextos muito conhecidos da tradição literária brasileira.
Justificativa da alternativa correta (B):
A alternativa B) um dos textos mais amplamente conhecidos da literatura brasileira é a correta porque a “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias, ocupa lugar de destaque no imaginário nacional, sendo referência quase obrigatória nos estudos de literatura. O fato de ser altamente reconhecido pelo público permite que outros autores, como Drummond, façam uso de intertextualidade, pois os leitores rapidamente notam a alusão. Como pontuam Celso Cunha e Lindley Cintra, para o funcionamento do efeito intertextual, o texto-referência deve ser de acesso fácil e reconhecido pela coletividade.
Na interpretação, nota-se o diálogo através da repetição de imagens clássicas da obra aludida (sabiá, palmeira, saudade da terra natal), que são transformadas para expressar novos sentimentos.
Análise das alternativas incorretas:
- A) Errada: A “Canção do exílio” já foi muito utilizada em paródias e citações, especialmente no modernismo. A afirmação contraria a realidade literária.
- C) Parcialmente enganosa: Embora haja postura crítica, não se trata de sátira direta ao patriotismo do texto original, mas sim de releitura sensível. Atenção: questões assim costumam tentar induzir o aluno a confundir “crítica” com “sátira”.
- D) Equivocada: Os modernistas, apesar das críticas ao Romantismo, respeitavam obras icônicas e as utilizavam em processos intertextuais, estimulando releitura, não aversão pura.
- E) Incorreta: Sempre foi um poema valorizado e estudado, inclusive no período de Drummond.
Estratégias para questões dessa natureza:
Procure identificar referências literárias óbvias — palavras-chave, imagens, temas e estrutura — e relacione com seu grau de reconhecimento coletivo. Lembre-se: textos muito conhecidos são mais facilmente usados intertextualmente, como ensina Evanildo Bechara ("Moderna Gramática Portuguesa").
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