O quadro ao lado, pintado por Debret, intitulado Um funcionário a passeio com sua família, retrata traços de um modelo familiar que se constituiu no Brasil desde a época colonial.

Considerando o seu conteúdo e o conhecimento histórico sobre a família colonial brasileira, é correto afirmar que

Sobre a família colonial brasileira e levando em consideração o quadro de Jean-Baptiste Debret, vamos selecionar a alternativa correta:

A) Incorreta – Apesar da submissão imposta às mulheres no sistema patriarcal, não é correto afirmar que elas eram completamente dóceis e submissas. Havia resistência, formas de ação dentro dos limites sociais, e muitas vezes as mulheres desempenhavam papeis importantes na administração do lar e na manutenção da estrutura familiar. Além disso, a ideia de que elas aceitavam inteiramente os valores da Igreja ignora as contradições e tensões entre os valores religiosos e as práticas cotidianas, que nem sempre eram seguidas de forma rígida. Essa afirmativa simplifica demais a complexidade da sociedade colonial.

B) Incorreta – A família nuclear (composta por pai, mãe e filhos) existia no Nordeste, especialmente entre os senhores de engenho, e era um importante núcleo social e econômico. A Igreja Católica, ao contrário de censurar essa forma familiar, promovia o casamento e a unidade familiar.

C) Incorreta – Não há evidências de que os senhores de engenho se preocupavam em formalizar a união dos escravizados segundo os preceitos da Igreja. A união entre escravizados geralmente não passava por regulamentação formal, sendo frequentemente desconsiderada. Os senhores viam os escravizados mais como propriedade e força de trabalho do que como indivíduos que necessitavam seguir as normas religiosas para a reprodução social. A Igreja, por sua vez, também não exercia grande pressão para oficializar as uniões de escravizados.

D) Correta – O Brasil colonial era marcado por um sistema patriarcal, especialmente nas áreas produtoras de açúcar, como o Nordeste. O homem, geralmente o senhor de engenho, era o chefe da família, exercendo autoridade sobre todos, incluindo esposa, filhos, escravizados e agregados. Ele era o responsável por garantir a honra da família, e sua posição social refletia-se na forma como organizava e controlava sua casa e seus bens. Ou seja, a estrutura familiar patriarcal consistia em uma hierarquia clara, com o homem no topo, sendo a figura de poder econômico e moral, central no controle da produção agrícola e nas relações sociais.

Gabarito – Letra D

Referência:

Itaboraí, Nathalie Reis. "A família colonial e a construção do Brasil: Vida doméstica e identidade nacional em Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Nestor Duarte." Revista AntHropológicas 16.1 (2005).