A “introdução da referência ao código, como um de seus
elementos, na própria mensagem codificada” constitui um
exemplo de
Leia o trecho do livro Bem-vindo ao deserto do real!, de
Slavoj Žižek, para responder à questão.
Numa antiga anedota que circulava na hoje falecida
República Democrática Alemã, um operário alemão consegue
um emprego na Sibéria; sabendo que toda correspondência
será lida pelos censores, ele combina com os
amigos: “Vamos combinar um código: se uma carta estiver
escrita em tinta azul, o que ela diz é verdade; se estiver
escrita em tinta vermelha, tudo é mentira.” Um mês
depois, os amigos recebem uma carta escrita em tinta
azul: “Tudo aqui é maravilhoso: as lojas vivem cheias,
a comida é abundante, os apartamentos são grandes e
bem aquecidos, os cinemas exibem filmes do Ocidente,
há muitas garotas, sempre prontas para um programa – o
único senão é que não se consegue encontrar tinta vermelha.”
Neste caso, a estrutura é mais refinada do que
indicam as aparências: apesar de não ter como usar o
código combinado para indicar que tudo o que está dito é
mentira, mesmo assim ele consegue passar a mensagem.
Como? Pela introdução da referência ao código, como um
de seus elementos, na própria mensagem codificada.
(Bem-vindo ao deserto do real!, 2003.)
Leia o trecho do livro Bem-vindo ao deserto do real!, de Slavoj Žižek, para responder à questão.
Numa antiga anedota que circulava na hoje falecida República Democrática Alemã, um operário alemão consegue um emprego na Sibéria; sabendo que toda correspondência será lida pelos censores, ele combina com os amigos: “Vamos combinar um código: se uma carta estiver escrita em tinta azul, o que ela diz é verdade; se estiver escrita em tinta vermelha, tudo é mentira.” Um mês depois, os amigos recebem uma carta escrita em tinta azul: “Tudo aqui é maravilhoso: as lojas vivem cheias, a comida é abundante, os apartamentos são grandes e bem aquecidos, os cinemas exibem filmes do Ocidente, há muitas garotas, sempre prontas para um programa – o único senão é que não se consegue encontrar tinta vermelha.” Neste caso, a estrutura é mais refinada do que indicam as aparências: apesar de não ter como usar o código combinado para indicar que tudo o que está dito é mentira, mesmo assim ele consegue passar a mensagem. Como? Pela introdução da referência ao código, como um de seus elementos, na própria mensagem codificada.
(Bem-vindo ao deserto do real!, 2003.)