A palavra “imperialismo”, no sentido moderno, desenvolveu-se primordialmente na língua
inglesa, sobretudo depois de 1870. Seu significado sempre foi objeto de discussão, à medida
que se propunham diferentes justificativas para formas de comércio e de governo organizados.
Havia, por exemplo, uma campanha política sistemática para equiparar imperialismo e “missão
civilizatória”.
Adaptado de WILLIAMS, Raymond. Um vocabulário de cultura e sociedade. São Paulo: Boitempo, 2007No final do século XIX, os europeus defendiam seus interesses imperialistas nas regiões africanas
e asiáticas, justificando-os como missão civilizatória.
Uma das ações empreendidas pelos europeus como missão civilizatória nessas regiões foi:
Gabarito comentado
Alternativa correta: D - modernização dos sistemas de circulação
Tema central: a questão trata do imperialismo europeu final do século XIX e da justificativa da «missão civilizatória». Para responder é preciso relacionar essa retórica com as ações concretas dos impérios nas colônias — especialmente obras de infraestrutura destinadas a integrar territórios ao mercado mundial.
Resumo teórico: o imperialismo desse período usava discursos civilizatórios para legitimar intervenções. Na prática, priorizou-se a construção de ferrovias, portos, estradas e linhas telegráficas que facilitassem a extração e o transporte de matérias‑primas e o controle militar e administrativo do espaço colonial (ver Daniel R. Headrick, The Tools of Empire; Eric Hobsbawm, The Age of Empire).
Justificativa da alternativa D: a construção de ferrovias, portos e redes de comunicação é exatamente a modernização dos sistemas de circulação. Essas obras eram apresentadas como progresso/civilização, mas tinham função econômica e estratégica: conectar áreas interiores às costas para exportação e movimentar tropas e administrações. Exemplos: ferrovias na Índia e na África, Suez (interesse britânico) e linhas telegráficas coloniais.
Análise das incorretas:
A — aplicação do livre comércio: o livre comércio foi promovido em certos contextos, mas o imperialismo tardio frequentemente implicou controle monopólico, tarifas, e concessões; a ação colonial visava garantir mercados e matérias‑primas, não universalmente impor livre comércio.
B — qualificação da mão de obra: havia iniciativas educativas e missionárias, porém eram limitadas e voltadas à formação de uma pequena elite administrativa. A prioridade imperial era extrair recursos, não desenvolver massivamente a capacitação industrial da população colonial.
C — padronização da estrutura produtiva: os colonizadores reestruturaram economias locais para produzir exportáveis (plantations, minas), mas isso não significa uma padronização industrial ampla — ao contrário, muitas colônias permaneceram economias exportadoras de matérias‑primas.
Dica de prova: ao ver expressões como “missão civilizatória”, busque ações materiais vinculadas ao discurso (infraestrutura, escolas missionárias, administração). Desconfie de alternativas que generalizem resultados (ex.: qualificação massiva) quando a ação imperial tinha objetivos econômicos e estratégicos específicos.
Fontes sugeridas: Raymond Williams (vocabulário citado pelo enunciado); Daniel R. Headrick, The Tools of Empire; Eric Hobsbawm, The Age of Empire.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!





