A colisão catastrófica dos dois anteriores modos de produção em dissolução, o primitivo e o antigo,
veio a resultar na ordem feudal, que se difundiu por toda a Europa.
Anderson, P. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. Trad. Porto: Afrontamento, 1982, p. 140.
O autor refere-se a três tipos de formações econômico-sociais nesse pequeno trecho. A esse respeito é correto afirmar:
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: transição entre modos de produção (comunal primitivo, antigo/escravista e a formação feudal) e a síntese social que gerou a ordem feudal na Europa medieval.
Resumo teórico: Modo de produção primitivo — comunidades tribais, propriedade comunal da terra, produção para uso. Modo de produção antigo (escravista) — economia baseada no trabalho escravo (latifúndios, cidade e produção em larga escala), característica do Império Romano. Formações de guerreiros germânicos — sociedades de comitatus e chefias guerreiras, com vínculos pessoais de lealdade e distribuição de terras por recompensa militar. A colisão entre o escravismo romano em crise e as sociedades guerreiras germânicas levou à descentralização do poder, à ruralização da economia e ao surgimento de relações servas e da propriedade senhorial — o feudalismo (ver Anderson; Bloch como leituras clássicas).
Justificativa da alternativa A: A alternativa A descreve corretamente a síntese entre um escravismo romano em declínio e as formações sociais germânicas de guerreiros — justamente o processo apontado por Perry Anderson e por historiadores do feudalismo: a união de elementos romanos (latifúndios, economia escravista em crise, estruturas jurídicas) com práticas germânicas (recompensa territorial, hierarquia guerreira) que resultou na ordem feudal.
Análise das alternativas incorretas:
B — Incorreta. Afirma que o escravismo predominava entre os povos germânicos; na realidade o escravismo era típico da sociedade romana. Os germânicos tinham formas distintas de servidão e relações pessoais, não um sistema escravista como o romano.
C — Incorreta. Diz que a economia romana era baseada na pequena propriedade familiar — isso é impreciso: a economia romana imperial apoiava-se em latifúndios e trabalho escravo; a pequena propriedade existia em outros contextos, mas não foi o fator central transformado pelas invasões.
D — Incorreta. Afirma que os germânicos desenvolveram de imediato a propriedade privada e relações servis idênticas às romanas; na verdade suas relações eram mais pessoais (vínculos de comitatus) e a transição para formas senhoriais foi um processo de síntese, não um desenvolvimento interno linear.
E — Incorreta. A ofensiva dos magiares (séculos IX–X) é posterior ao núcleo da transição para a ordem feudal; as causas da feudalização são mais amplas (crise imperial, invasões bárbaras, ruralização) e anteriores às ondas húngaras.
Estratégia de prova: procure termos-chave no enunciado ("primitivo", "antigo", "guerreiros germânicos", "escravismo") e elimine alternativas que invertam quem exercia o escravismo ou que confundam bases econômicas (latifúndio vs. pequena propriedade) e temporais.
Fontes recomendadas: Perry Anderson, Passages from Antiquity to Feudalism; Marc Bloch, Feudal Society (leitura complementar).
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