“Ouvi, ó Povos, o grito,
Que vamos livres erguer;
O Brasil sacode o jugo,
Independência ou Morrer.
Congresso opressor jurara
Nossos povos abater:
Em seu despeito amamos
Independência ou Morrer.
Depois de trezentos anos
Livre o Brasil vai viver:
Deve a Pedro a Liberdade,
Independência ou morrer.”
(“Independência ou morrer”. Poesia anônima, publicada pela Tipografia do Diário no ano de
1822, Rio de Janeiro. Apud: CARVALHO, José Murilo de, BASTOS, Lúcia & BASILE, Marcelo
(Orgs.). Guerra literária: panfletos da Independência (1820-1823). Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2014, 257-258. 4 v.)
No cenário político em que a poesia acima foi elaborada, as relações entre
Brasil e Portugal agravaram-se devido à/ao
Gabarito comentado
Gabarito: Alternativa A
Tema central: trata-se do contexto político que antecede a Independência do Brasil (1821–1822): a reação das elites e das Cortes portuguesas após a Revolução Liberal do Porto (1820) e as medidas tomadas por Lisboa que foram percebidas no Brasil como tentativa de recolonização.
Resumo teórico e contexto progressivo: após 1820, as Cortes Constituintes portuguesas exigiram o retorno do Príncipe-Regente ao reino e a subordinação das administrações locais ao Parlamento de Lisboa. Essas medidas incluíam a anulação de órgãos criados para a autonomia do Brasil e a revogação de privilégios; para muitos setores no Rio de Janeiro isso significou perda de autonomia e sujeição política — impulso direto ao projeto de independência. Fontes: CARVALHO; BASTOS; BASILE (orgs.), Guerra literária, UFMG, 2014; estudos sobre o "Dia do Fico" (9 jan 1822).
Por que a alternativa A está correta: as Cortes portuguesas procuraram restabelecer controle direto sobre o Brasil — convocando representantes, determinando o retorno de Dom Pedro e tentando reintegrar as províncias ao domínio administrativo e fiscal de Lisboa. Essas ações foram interpretadas pelas elites locais como tentativa de recolonização, motivando discursos e panfletos como o poema citado. Assim, a agravamento das relações decorre justamente da tentativa de recolonizar política e administrativamente o Brasil.
Análise das alternativas incorretas:
B — incorreta: as elites brasileiras não tinham como objetivo expulsar Dom Pedro; ao contrário, grande parte delas apoiou Dom Pedro como líder que poderia garantir autonomia frente a Lisboa (ex.: "Dia do Fico").
C — incorreta: os liberais portugueses não buscavam fortalecer o absolutismo; o movimento de 1820 foi liberal/constitucionalista e visava limitar o poder régio — não reforçar o absolutismo.
D — incorreta: falar em "deputados escravistas criando Constituição cidadã" mistura termos anacrônicos e contraditórios; não houve proposta de uma "Constituição cidadã" pelos deputados escravistas nesse contexto, e a questão central era autonomia política frente a Lisboa.
Dica de técnica para concursos: identifique palavras-chave do enunciado (ex.: Cortes, recolonizar, 1822) e relacione-as ao quadro cronológico (Revolução do Porto → Cortes de Lisboa → Dia do Fico → Independência). Desconfie de alternativas que invertam papéis (por exemplo, dizer que liberais fortaleceram o absolutismo).
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