Questão 2a3a761d-1c
Prova:FGV 2016
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Antiguidade Ocidental (Gregos, Romanos e Macedônios)

Podendo-se encontrar na crise do mundo romano do século III o início da profunda perturbação de que sairá o Ocidente medieval, é legítimo considerar as invasões bárbaras do século V como o acontecimento que precipita as transformações, que lhes dá um aspecto catastrófico e que lhes modifica profundamente a aparência.

LE GOFF, J. A civilização do Ocidente Medieval. Trad. Lisboa: Estampa, 1983, v. 1, p. 29.

A crise do mundo romano e a transição para a Idade Média

A
foram decorrentes do fortalecimento do cristianismo que, a partir do século III, tornou-se a religião oficial do Império Romano.
B
tiveram entre suas características a diminuição do ingresso de mão de obra escrava e o processo de ruralização social.
C
foram marcadas pelas catástrofes naturais e pelas epidemias de peste e lepra que estimularam o deslocamento para as cidades.
D
levaram ao fortalecimento das instituições públicas romanas e ao desenvolvimento das atividades mercantis no Mediterrâneo.
E
foram particularmente catastróficas na parte Oriental do mundo Romano, pela proximidade geográfica com os povos germânicos.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: a questão trata da transição do mundo romano para a Idade Média (Alta Idade Média) — processo complexo iniciado na crise do século III e acelerado pelas transformações dos séculos IV–V. É preciso entender as mudanças econômicas, sociais e políticas que explicam a nova configuração ocidental.

Resumo teórico progressivo:

Economia e sociedade: decadência do comércio mediterrâneo em algumas áreas, = queda da monetização e da vida urbana; ampliação dos latifúndios e do sistema de colonato (colonos amarrados à terra), que substituiu em parte o trabalho escravo. A diminuição do ingresso de escravos decorreu, em grande parte, da redução das campanhas conquistadoras que antes abasteciam o mercado de cativos.

Política: enfraquecimento da administração imperial ocidental, reorganização local do poder (senhores territoriais, exércitos privados, reis germânicos).

Fontes úteis: Jacques Le Goff, A civilização do Ocidente Medieval; Peter Brown, The World of Late Antiquity; Chris Wickham, Inheritance of Rome — obras que tratam da transição e do colonato.

Por que B é correta:

A alternativa B descreve duas transformações centrais e bem documentadas: a diminuição do ingresso de mão de obra escrava (menos guerras de conquista, menos prisioneiros) e o processo de ruralização social (fortalecimento dos latifúndios, colonato, declínio urbano). Esses elementos são característicos da passagem do mundo romano para a sociedade medieval ocidental.

Análise das alternativas incorretas:

A) Incorreta: o cristianismo torna-se religião privilegiada com Constantino (tolerância) e só em 380 com Teodósio I torna‑se religião oficial — além disso, o fortalecimento cristão não explica por si só a totalidade da crise socioeconômica.

C) Incorreta: epidemias (como a Peste de Justiniano no séc. VI) ocorreram, mas não foram a causa principal do êxodo urbano mencionado; além disso, lepra não foi agente determinante do deslocamento para as cidades.

D) Incorreta: as transformações enfraqueceram as instituições públicas ocidentais e reduziram, em muitos setores, as atividades mercantis mediterrâneas — não houve fortalecimento generalizado.

E) Incorreta: a parte Oriental (Império Bizantino) mostrou maior resiliência e não sofreu de modo tão catastrófico, além de os povos germânicos afetarem mais diretamente o Ocidente.

Dica de interpretação: atenção a afirmações temporais (datas de oficialização do cristianismo) e a relações de causa/efeito absolutas. Procure termos-chave como ruralização, colonato e diminuição do tráfico de escravos — eles apontam para B.

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