Podendo-se encontrar na crise do mundo romano do século III o início da
profunda perturbação de que sairá o Ocidente medieval, é legítimo considerar as
invasões bárbaras do século V como o acontecimento que precipita as transformações,
que lhes dá um aspecto catastrófico e que lhes modifica profundamente a aparência.
LE GOFF, J. A civilização do Ocidente Medieval. Trad. Lisboa: Estampa, 1983, v. 1, p. 29.
A crise do mundo romano e a transição para a Idade Média
Podendo-se encontrar na crise do mundo romano do século III o início da profunda perturbação de que sairá o Ocidente medieval, é legítimo considerar as invasões bárbaras do século V como o acontecimento que precipita as transformações, que lhes dá um aspecto catastrófico e que lhes modifica profundamente a aparência.
LE GOFF, J. A civilização do Ocidente Medieval. Trad. Lisboa: Estampa, 1983, v. 1, p. 29.
A crise do mundo romano e a transição para a Idade Média
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: a questão trata da transição do mundo romano para a Idade Média (Alta Idade Média) — processo complexo iniciado na crise do século III e acelerado pelas transformações dos séculos IV–V. É preciso entender as mudanças econômicas, sociais e políticas que explicam a nova configuração ocidental.
Resumo teórico progressivo:
Economia e sociedade: decadência do comércio mediterrâneo em algumas áreas, = queda da monetização e da vida urbana; ampliação dos latifúndios e do sistema de colonato (colonos amarrados à terra), que substituiu em parte o trabalho escravo. A diminuição do ingresso de escravos decorreu, em grande parte, da redução das campanhas conquistadoras que antes abasteciam o mercado de cativos.
Política: enfraquecimento da administração imperial ocidental, reorganização local do poder (senhores territoriais, exércitos privados, reis germânicos).
Fontes úteis: Jacques Le Goff, A civilização do Ocidente Medieval; Peter Brown, The World of Late Antiquity; Chris Wickham, Inheritance of Rome — obras que tratam da transição e do colonato.
Por que B é correta:
A alternativa B descreve duas transformações centrais e bem documentadas: a diminuição do ingresso de mão de obra escrava (menos guerras de conquista, menos prisioneiros) e o processo de ruralização social (fortalecimento dos latifúndios, colonato, declínio urbano). Esses elementos são característicos da passagem do mundo romano para a sociedade medieval ocidental.
Análise das alternativas incorretas:
A) Incorreta: o cristianismo torna-se religião privilegiada com Constantino (tolerância) e só em 380 com Teodósio I torna‑se religião oficial — além disso, o fortalecimento cristão não explica por si só a totalidade da crise socioeconômica.
C) Incorreta: epidemias (como a Peste de Justiniano no séc. VI) ocorreram, mas não foram a causa principal do êxodo urbano mencionado; além disso, lepra não foi agente determinante do deslocamento para as cidades.
D) Incorreta: as transformações enfraqueceram as instituições públicas ocidentais e reduziram, em muitos setores, as atividades mercantis mediterrâneas — não houve fortalecimento generalizado.
E) Incorreta: a parte Oriental (Império Bizantino) mostrou maior resiliência e não sofreu de modo tão catastrófico, além de os povos germânicos afetarem mais diretamente o Ocidente.
Dica de interpretação: atenção a afirmações temporais (datas de oficialização do cristianismo) e a relações de causa/efeito absolutas. Procure termos-chave como ruralização, colonato e diminuição do tráfico de escravos — eles apontam para B.
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