Leia o excerto:
No ano de 476, o general godo Odoacro, o Rúgio, depôs o último imperador
do Ocidente e a Itália tornou-se um reino bárbaro. [...] Embora perseguissem interesses próprios, os reis bárbaros da Itália governaram, pelo menos
no começo, em nome do imperador, que vivia em Constantinopla, mantiveram e respeitaram o senado e chegaram a aceitar o título honorífico de
“Patrício de Roma”. Mesmo Teodorico, o feroz sucessor de Odoacro, [...]
aceitou e explorou a ficção do império, adotando a vestimenta romana e a
efígie do imperador no cunho de suas moedas. Os reis godos estabeleceram-se em Ravena, a antiga capital do império do Ocidente na costa do
Adriático, de modo que o glamour de Roma persistiu. Como declarou o próprio Teodorico, “Todo godo, quando pode, quer ser romano: nenhum romano quer ser godo”.
(DUFFY, Eamon. . Santos & Pecadores – história dos papas
SP: Cosac &Naify, 1998, p. 37.)
A análise do fragmento nos permite concluir que:
Gabarito comentado
Resposta correta: D
Tema central: trata-se da continuidade cultural e política após a queda do Império Romano do Ocidente (476). A pergunta exige reconhecer que povos "bárbaros" foram influenciados pela cultura romana — e não apenas o contrário.
Resumo teórico breve: depois de 476 surge uma série de reinos germânicos no antigo território imperial. Esses reis frequentemente adotaram práticas, títulos e símbolos romanos (uso de vestes, cunho de moedas, reconhecimento formal do imperador de Constantinopla, respeito ao senado). Esse processo chama‑se romanização inversa ou aculturação dos conquistadores. Fontes e estudos clássicos: Eamon Duffy (trecho usado), Peter Brown, J. B. Bury.
Justificativa da alternativa D: o excerto apresenta evidências diretas — Teodorico veste‑se à romana, cunha moedas com a efígie imperial e declara que todo godo deseja ser romano. Essas passagens mostram que a influência cultural romana atingiu também os povos que dominaram o território. Logo, a alternativa D expressa corretamente a ideia central do texto.
Análise das alternativas incorretas:
A — afirma que o Império manteve todas as instituições políticas: exagero. O texto indica que alguns elementos (senado, títulos, símbolos) foram preservados, mas não que toda a máquina imperial continuou intacta.
B — diz que a violência dos reis bárbaros extinguiu a maior parte dos padrões: contradiz o excerto, que mostra preservação e apropriação de padrões romanos pelos reis godos.
C — afirma que a fusão garantiu a preservação da cultura romana: é uma generalização abusiva. Houve fusões e apropriações, mas “garantiu” é afirmativa absoluta não suportada pelo texto.
E — atribui à submissão à Constantinopla a causa fundamental da preservação do Império do Oriente: o excerto apenas menciona reconhecimento nominal do imperador; não apresenta isso como causa exclusiva da sobrevivência do Oriente.
Dica de prova: busque no enunciado palavras/ações concretas (ex.: vestimenta, moedas, citações). Desconfie de absolutos (“todas”, “maior parte”, “garantiu”) — normalmente incorretos.
Fontes úteis: Eamon Duffy, Santos & Pecadores (trecho citado); Peter Brown, The World of Late Antiquity; J. B. Bury, A History of the Later Roman Empire.
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