“O protesto contra as desigualdades vinha tanto do fundão dos sertões como das cidades. A República oligárquica utilizou os mais modernos equipamentos bélicos da época para reprimir esses movimentos, desencadeando, em alguns casos, campanhas ‘nacionais’ contra os revoltosos, acusados de inimigos da República.”

LOPES, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil – uma interpretação. São Paulo: Editora SENAC, 2008, p. 605.

Durante a Primeira República (1889-1930), o país foi varrido por uma série de revoltas que puseram a nu as profundas desigualdades existentes e o anseio por cidadania que moviam a maior parte da população. Com base na leitura do fragmento acima e em seus conhecimentos acerca do período, assinale a alternativa correta:

Alternativa correta: B

Tema central: revoltas sociais da Primeira República (1889–1930) e suas causas — desigualdades, cidadania restrita e formas de repressão estatal. É preciso conhecer episódios como Canudos (1896–97), Revolta da Chibata (1910), Revolta da Vacina (1904) e o tenentismo (década de 1920).

Resumo teórico: A Primeira República foi marcada por oligarquias regionais, exclusão política (voto censitário e fraude), concentração de terra e pobreza no campo e nas cidades. Esses fatores geraram protestos diversos: messianismo e resistência camponesa no sertão, motins militares por condições e hierarquia, insurreições urbanas por direitos e contra medidas sanitárias autoritárias. (Ver: Lopes & Mota; Boris Fausto.)

Por que B está certa: A Revolta da Chibata (1910) foi liderada por marinheiros como João Cândido e eclodiu sobretudo contra os castigos físicos (chasqueamento) e pelo respeito à dignidade dos marinheiros — muitos afrodescendentes e ex‑escravos — que recebiam punições semelhantes às do período escravocrata. O principal foco era acabar com os castigos corporais e melhorar condições e tratamento, não um movimento apenas por salário. Fontes: relatos contemporâneos e estudos como Boris Fausto e obras sobre João Cândido.

Análise das alternativas incorretas:

A — Errada.

Reduz o conflito de Canudos a “fanatismo e ignorância”. A historiografia atual (ex.: Euclides da Cunha, estudos posteriores) mostra causas sociais, econômicas e políticas: disputa por terra, messianismo como expressão de resistência ao abandono estatal e à ordem oligárquica. Não foi apenas ignorância.

C — Errada.

Afirma que somente militares estavam insatisfeitos no tenentismo (1922). O movimento teve forte componente militar jovem, mas expressava demandas civis: crítica à política oligárquica, à corrupção e ao limitado acesso à cidadania — tinha repercussão urbana e apoio intelectual, não fosse exclusividade militar.

D — Errada.

Confunde fatos: a Revolta da Vacina (1904) foi reação popular à vacinação obrigatória no Rio e ao autoritarismo das campanhas sanitárias, sem vínculo direto à exigência de voto de analfabetos e muito menos à “Constituição de 1981” (erro cronológico absurdo). A Constituição relevante é a de 1891.

E — Errada.

Contradiz evidências: o movimento operário teve papel importante em greves e lutas por direitos (surgimento de sindicatos, greves nos anos 1900–20). Não se pode afirmar que “pouco contribuiu” por causa de resquícios da escravidão — essa é uma generalização falsa.

Dica de prova: repare em palavras absolutas ("somente", "apenas") e erros factuais (datas, constituições). Relacione cada alternativa a conhecimento concreto: liderança, causas e objetivos das revoltas.

Fontes indicadas: Lopes & Mota, História do Brasil; Boris Fausto, História Concisa do Brasil; estudos sobre João Cândido e a Revolta da Chibata.

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