Polemizando contra a tradicional tese aristotélica, que
via na sociedade o resultado de um instinto primordial,
Hobbes sustenta que no gênero humano, diferentemente
do animal, não existe sociabilidade instintiva. Entre os
indivíduos não existe um amor natural, mas somente uma
explosiva mistura de temor e necessidade recíprocos
que, se não fosse disciplinada pelo Estado, originaria
uma incontrolável sucessão de violências e excessos.
NICOLAU, U. Antologia ilustrada de filosofia: das origens à Idade Moderna.
São Paulo: Globo, 2005 (adaptado).
Referente à constituição da sociedade civil, considere,
respectivamente, o correto posicionamento de Aristóteles
e Hobbes:
Polemizando contra a tradicional tese aristotélica, que via na sociedade o resultado de um instinto primordial, Hobbes sustenta que no gênero humano, diferentemente do animal, não existe sociabilidade instintiva. Entre os indivíduos não existe um amor natural, mas somente uma explosiva mistura de temor e necessidade recíprocos que, se não fosse disciplinada pelo Estado, originaria uma incontrolável sucessão de violências e excessos.
NICOLAU, U. Antologia ilustrada de filosofia: das origens à Idade Moderna.
São Paulo: Globo, 2005 (adaptado).
Referente à constituição da sociedade civil, considere, respectivamente, o correto posicionamento de Aristóteles e Hobbes:
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: a questão confronta duas concepções clássicas sobre a origem e a finalidade da sociedade política — a de Aristóteles (sociedade como algo natural) e a de Thomas Hobbes (sociedade como artifício para conter a natureza humana). Compreender os termos natural versus artificial é decisivo.
Resumo teórico essencial:
- Aristóteles (Política): o homem é por natureza um "animal político"; a vida em comunidade realiza disposições humanas e a perfeição racional do indivíduo. Sociedade = realização natural das potencialidades humanas.
- Hobbes (Leviatã): no estado de natureza reina o conflito; a sociedade surge por contrato como artifício — um mecanismo necessário para frear paixões e insegurança, garantido pelo poder estatal.
Por que a B está correta: ela expressa precisamente o contraste: para Aristóteles, a sociedade é a realização das disposições naturais do homem; para Hobbes, é um artifício necessário para conter (frear) a natureza humana conflituosa. Ambos os núcleos conceituais aparecem na alternativa B.
Análise das alternativas incorretas:
- A: fala em "instrumento artificial... legitimação do exercício da coerção e da violência". Isso descreve parcialmente Hobbes (poder coercitivo do Estado), mas não corresponde a Aristóteles, que não vê a polis como mera máquina coercitiva — por isso a alternativa não atende ao enunciado "respectivamente".
- C: "resultado involuntário... anulação dos impulsos" inclui ideia de involuntariedade e anulação dos impulsos, incompatível com Aristóteles (sociedade intencional, formadora da virtude) e com Hobbes, para quem o contrato é uma escolha racional para evitar violência, não uma anulação total dos impulsos.
- D: "objetivação dos desejos da maioria... representação" remete a noções modernas de representação democrática, não às explicações teleológicas de Aristóteles nem ao contrato hobbesiano (não é foco na "maioria" como tal).
- E: "realização da razão e expressão da vontade dos governados" aproxima-se de Rousseau (vontade geral) ou de leituras idealizadas de Aristóteles, mas não sintetiza corretamente Hobbes, que insiste em sujeição ao soberano para ordem, não em expressão direta da vontade dos governados.
Estratégia para questões assim: identifique palavras-chave ligadas a cada autor (Aristóteles = "natural", "realização"; Hobbes = "artifício", "frear", "coerção/estado"). Compare cada alternativa com essas palavras-chave e elimine as que ajustam apenas a um autor ou que misturam conceitos de pensadores diferentes.
Fontes recomendadas: Aristóteles, Política; Thomas Hobbes, Leviatã. Para revisão, use resumos de filosofia política e manuais de preparação para concursos.
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