Ao observamos mapas ou relatos de viajantes dos séculos XV e XVI, é comum encontrarmos referências a seres fantásticos, descritos, muitas vezes, como monstros sem olhos ou nariz, com uma perna ou com corpo desproporcional. A existência destes seres na África, Ásia e América foram relatados por diversos navegadores da época.

Tais relatos são considerados indicativos do(a): 

Resposta correta: C

Tema central: relatos de viajantes e imagens monstruosas nos séculos XV–XVI revelam a visão de mundo europeia daquele período — ainda marcada por tradições medievais, bestiários e relatos de autoridade, não por método científico moderno.

Resumo teórico: Antes da consolidação do método empírico e da sistematização científica (séculos XVII–XVIII), narrativas de viagens combinavam observação direta, boatos, tradição clássica (Plínio, Pomponius Mela) e folclore. Cartógrafos e cronistas preenchiam o desconhecido com seres fantásticos (ex.: cabeça nos ombros, povos com uma perna) como explicação simbólica e literária, não como descrição científica. Obras recomendadas para aprofundar: J. B. Harley, "The New Nature of Maps" (cartografia) e Edward Said, "Orientalism" (para entender construção do “outro”).

Por que a alternativa C está correta: ela identifica corretamente que esses relatos refletem uma visão de mundo pré‑científica e imaginativa. Os viajantes misturavam observação real com tradições textuais e imaginárias, o que produz relatos fantásticos que não obedecem a critérios científicos de verificação.

Análise das alternativas incorretas:

A — Errada. Cartógrafos rara vez desenhavam monstros para desencorajar; geralmente enchiam espaços desconhecidos com imagens para marcar incerteza, decorar ou transmitir ideias morais, não como estratégia explícita de dissuasão.

B — Errada. O movimento iluminista surge principalmente no século XVIII e valorizava razão e método; os séculos XV–XVI correspondem ao Renascimento/era das grandes navegações, anteriores ao ápice do Iluminismo.

D — Errada. A influência da mitologia céltica em vitrais e arte gótica não explica relatos de monstros em relatos de viagem — estes têm raiz em textos clássicos e em tradições medievais diversas, não numa influência céltica específica.

E — Errada. Uma "versão evolucionista" é anacrônica para os séculos XV–XVI (teoria evolucionista científica só surge no século XIX). Esses relatos não visavam justificar uma hierarquia evolucionista, mas expressavam desconhecimento e imaginação.

Dica de prova: identifique anacronismos nas alternativas (p.ex. Iluminismo, evolucionismo) e relacione o contexto histórico correto ao tipo de fonte (crônicas, cartografia, bestiários).

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